Spensy Pimentel
Enviado especial
Porto Alegre – O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, divulgou nota há pouco condenando a ocupação de instalações da empresa Aracruz Celulose, em Barra do Ribeiro (RS). A ação foi realizada na madrugada de hoje (8) por cerca de 2 mil mulheres ligadas a movimentos sociais da rede internacional Via Campesina.
"Ao condenar a atitude do movimento, Rossetto salientou que ações dessa natureza nada têm a ver com o programa de reforma agrária, e, portanto, este é um assunto que deve ser tratado pelo Poder Judiciário", diz a nota do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). "Para Rossetto, essa ação não reflete o ambiente de debate e troca de experiências que está ocorrendo desde o início da semana na 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural."
A Aracruz Celulose mantém em Barra do Ribeiro uma instalação destinada à pesquisa genética e produção de mudas de árvores utilizadas na indústria de celulose e papel, como eucaliptos e pinus. Segundo nota da empresa, também divulgada hoje, houve vandalismo e intimidação dos seguranças da instalação durante a ação. "Os seguranças do local foram rendidos e os manifestantes, ameaçando os empregados, destruíram parte do viveiro e o laboratório de pesquisa da empresa", diz a nota.
A empresa não divulga valores dos prejuízos, mas inclui entre os equipamentos e materiais destruídos cerca de 1 milhão de mudas, além de sementes, computadores e pesquisas que, segundo a empresa, eram resultado de 15 anos de trabalho.
"[A empresa] acredita que não se trata de um ataque específico à empresa, mas à atividade da silvicultura em todo o território do Estado e ao agronegócio brasileiro como um todo. A Aracruz já iniciou os trabalhos de recuperação do viveiro e está dialogando com órgãos competentes e governo para tomar as medidas necessárias, em defesa de seus direitos", segue o texto. "E lamenta os atos de vandalismo, de intimidação e de invasão de propriedade privada, que considera uma afronta aos princípios democráticos e ao estado de direito."