Promotor agrário considera que houve excessos em desocupação no interior de Pernambuco

08/03/2006 - 18h38

Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil

Recife – Cerca de 180 trabalhadores rurais ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), incluindo mulheres e crianças, foram detidos hoje (8), durante a execução de um mandado de reintegração de posse. A Justiça tomou a decisão em favor do proprietário da fazenda Faquinha, no município de Cabrobó, no sertão pernambucano.

O promotor agrário, Edson Guerra, enviado pela superintendência do Incra a Cabrobó, reconheceu que houve abuso de autoridade por parte dos policiais. "A polícia tratou os trabalhadores como criminosos, não respeitou os direitos constitucionais, por essa razão os responsáveis pela prática dos excessos devem ser identificados e punidos", enfatizou

Segundo os agricultores, os policiais chegaram ao acampamento por volta das 5h da manhã e, sem nenhum diálogo, começaram a agredir as pessoas tentando retirá-las da propriedade. Durante o conflito, o líder da direção estadual do movimento, Florivaldo Araújo, diz ter sido espancado com chutes e golpes de cassetetes. O militante teria sido levado ao Hospital Público Dom Malan, em Petrolina, com ferimento grave em um dos olhos, segundo a assessoria de imprensa do MST. A propriedade de 500 hectares, foi ocupada no último domingo, durante as ações da jornada de luta por terra do movimento.

Doze pessoas vítimas de espancamento ainda estavam na delegacia prestando depoimento até o final da tarde. Os outros trabalhadores já foram liberados. A superintendente do Incra, Maria de Oliveira, disse que uma das providências tomadas pelo Instituto foi enviar, o superintendente Abelardo Figueira, do médio São Francisco, até a região, para intermediar o conflito, já que o clima ainda é tenso no local.