Michèlle Canes
Da Agência Brasil
Brasília – A diretora da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Laís Abramo, disse que o governo poderá utilizar os dados da primeira pesquisa feita no Brasil que analisa a renda da família brasileira pela participação dos integrantes dividida em sexo e cor.
"O fato importante da pesquisa é que ela vem com dados desagregados, o que nos dá uma dimensão melhor da realidade de condição da mulher negra. Isso nos dá elementos para produzir políticas públicas que vão reverter essa situação de desigualdade", disse Abramo.
A pesquisa, com base em dados de 2002/2003 do Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE), mostra que 26% das mulheres brasileiras são chefes de família. A diretora da OIT destacou que nas famílias chefiadas pelas mulheres, a participação dos filhos na renda familiar é maior do que nas famílias chefiada por homens. A mulher brasileira, disse, continua ganhando menos que os homens.
"A pesquisa vai mostrar que a participação da renda que é apropriada pelas mulheres é inferior na sua participação quanto chefe de família. Principalmente no caso das mulheres negras", disse Abramo. "No caso da mulher, a renda que vem de outras fontes, que não o trabalho, como aposentadoria, pensões, e inclusive a renda que vêm dos filhos através de bolsas, é superior a renda que vem do trabalho", disse Abramo.
Além da participação dos integrantes da família na renda, a pesquisa traz também dados a respeito da distribuição das despesas familiares. Habitação, alimentação e transporte continuam sendo os maiores pesos na renda, sendo que os dois primeiros são maiores nas famílias chefiadas por mulheres.