Mulheres pedem igualdade e autonomia em passeata em São Paulo

08/03/2006 - 17h24

Beatriz Pasqualino
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Cerca de 3 mil militantes de movimentos sociais participam, desde o início desta tarde (8), da tradicional passeata para marcar o Dia Internacional da Mulher, na capital paulista. Apesar da chuva, mulheres e homens saíram às ruas com bandeiras e instrumentos musicais para reivindicar igualdade, autonomia e justiça social.

A manifestação foi organizada por mais de 80 sindicatos e entidades feministas, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Marcha Mundial de Mulheres; além de partidos políticos, como o PCdoB, o PSTU, o PT e o PCB.

Na caminhada, estão sendo apresentadas diversas reivindicações. "Estamos aqui pedindo o combate ao racismo e à violência, a legalização do aborto, a reforma agrária, valorização do salário mínimo", disse Nalu Faria, da Marcha Mundial de Mulheres. Segundo dados da Fundação Perseu Abramo, quatro mulheres são espancadas a cada minuto, a maioria por seu parceiro ou esposo; e as mulheres ainda ganham em média 30% menos que os homens.

A ex-prefeita de São Paulo e líder feminista Marta Suplicy, que participou da caminhada, lembrou que a mulher ainda não tem espaço garantido nos partidos políticos. "Somos 11% do Poder Legislativo e 5% do Executivo", disse ela. Marta afirmou que este século é especial no que se refere ao cenário político internacional: pela primeira vez na história, um país da América Latina elegeu uma mulher presidente: Michele Bachelet, no Chile.

Para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a manifestação é um momento de reivindicar mudanças no modelo agrícola brasileiro. "O programa agrário do Brasil está em função do agronegócio, e defendemos a agricultura familiar. Nós, trabalhadoras rurais, queremos um modelo voltado para a produção mais orgânica, que respeita o meio ambiente", afirmou Soraya Soriano, da direção nacional do movimento.

Os manifestantes também reivindicam o fim da ocupação no Iraque. "Estamos recolhendo um abaixo-assinado em adesão a uma campanha internacional contra a invasão do Iraque. Desde o início dessa guerra, percebemos que era uma estratégia econômica norte-americana pela disputa pelo petróleo no Oriente Médio", disse Nalu. O abaixo-assinado será entregue na próxima semana à Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.