Marcela Rebelo
Enviada Especial
Santiago (Chile) – No Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje (8), muitos chilenos destacaram a escolha de Michelle Bachelet, primeira mulher eleita presidente do país. Bachelet toma posse sábado (11), em uma cerimônia no Congresso do país, em Valparaíso, que contará com a presença de vários chefes de Estado, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Para o Chile, é fantástico. É importante para um país machista e preconceituoso que uma mulher inteligente, culta, e que sofreu na vida, chegue à presidência", disse a produtora de comerciais Pilar Lopes. Para ela, é um orgullo que Bachelet, uma mulher divorciada, tenha sido eleita. A Lei do Divórcio só foi aprovada no Chile em 2004.
A médica Michelle Bachelet venceu, no segundo turno, em 15 de janeiro, o empresário Sebastián Piñera, com 53,49% dos votos. Ela é do Partido Socialista, que faz parte da Concertación, coalizão de centro-esquerda que governa o país desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990. A futura presidente foi presa e torturada durante a ditadura, juntamente com a sua mãe. O pai de Michelle, general Alberto Bachelet, morreu vítima da ditadura.
Ela se comprometeu a adotar medidas de igualdade de gênero no país. Entre as 36 ações que prometeu realizar nos 100 primeiros dias de governo, está o envio de um projeto de lei ao Congresso Nacional garantindo às trabalhadoras o direito a berçários onde possam deixar os filhos enquanto exercem suas atividades. Até o fim do primeiro semestre deste ano, Michelle quer também instituir um código de boas práticas trabalhistas e não-discriminação a mulheres no serviço público.
Mesmo antes de tomar posse, Bachelet já adotou medidas de igualdade de gênero no país. Dos 20 ministros indicados, dez são mulheres. Para o líder do Partido Socialista no Senado chileno, Jaime Naranjo, essa medida já demonstra a importância da presidente eleita. "É uma mudança cultural de tamanha transcendência. Chile deixou de ser o mesmo, a partir dela, com relação à igualdade de gênero nos cargos. Difícilmente, o próximo presidente poderá mudar essa situação na política chilena", afirmou Naranjo, em entrevista à Agência Brasil.
Para o líder do partido Renovación Nacional no Senado, Antônio Horvath, o fato de ser mulher ajudou Michelle Bachelet a ganhar a presidência. "Mas não acredito que esse tipo de diferença seja fundamental para fazer um melhor ou pior governo", ressaltou Horvath, em entrevista à Agência Brasil. Seu partido integra a coalizão de centro-direita Alianza por Chile, da qual faz parte o opositor de Bachelet no segundo turno, Sebastián Piñera.