Aécio Amado
Repórter da Agência Brasil
Porto Alegre - Mulheres camponesas enfrentaram na manhã de hoje (8) policiais da Brigada Militar gaúcha. Elas queriam entregar a carta com reivindicações para as delegações oficiais que participam da 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, na Pontifícia Universidade Católica (PUC).
No portão de entrada do centro de eventos, policiais da Brigada Militar impediram a entrada das mulheres no local. Depois de muita confusão, com empurrões dos dois lados, a organização da conferência permitiu a entrada das mulheres na área de estacionamento da PUC, onde elas fizeram o enterro simbólico de várias empresas do agronegócio, acusadas de explorar o trabalhador rural.
Um grupo de 50 manifestantes foi autorizado a entrar no plenário da Conferência. Elas leram para as delegações oficiais de mais de 80 países uma carta, na qual pedem um novo modelo de reforma agrário, que favoreça o desenvolvimento rural dos pequenos produtores, a preservação da biodiversidade e mudanças na atual forma de atuação da Organização Mundial do Comércio, do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.
Uma das líderes do Movimento das Mulheres Camponesas, Adriana Maria dos Santos, criticou a ação da Brigada Militar para impedir a entrada das mulheres no Centro de Eventos da PUC. "No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, nós tivemos que apanhar da polícia para sermos atendidas. Então, essa é mais uma conquista da luta das mulheres", avalia Adriana.
Segundo ela, antes do tumulto na PUC, as agricultoras realizaram uma marcha que reuniu mais de três mil trabalhadoras rurais. A marcha das mulheres camponesas saiu da Avenida Ipiranga após uma manifestação de quase uma hora - das 5h às 6h - na unidade da Aracruz Celulose, em Porto Alegre. As trabalhadoras rurais acusam a empresa de crime ambiental por causa das plantações de monocultura de eucaliptos no país.