Redução do álcool na gasolina aumentou preço final em R$ 0,03, estima sindicato de distribuidores

02/03/2006 - 19h46

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A redução do percentual de álcool anidro que é adicionado à gasolina, de 25% para 20%, já representa um impacto de R$ 0,03 por litro do combustível vendido na bomba, segundo estimativa do Sindicato Nacional de Distribuidores de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom). Segundo o vice-presidente do sindicato, Alísio Vaz, o reajuste se deve ao aumento do peso da carga tributária na mistura, já que o teor de gasolina no combustível vendido nos postos passou a ser de 80%.

Segundo ele, o preço do litro da gasolina nas refinarias é de R$ 1, sem impostos. Com a adição do Programa de Integração Social (PIS), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), e da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), além do imposto estadual, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), a gasolina C, que leva a mistura, sai a R$ 2,35. "Se essa carga não for ajustada para o percentual de gasolina que entra na mistura final, que está passando de 75% para 80%, ocorre um aumento da carga tributária para o consumidor", observou. Para Alísio Vaz, o governo já deveria ter pensado no ajuste da carga tributária que incide sobre a gasolina antes do vigor da medida que reduziu o percentual do álcool anidro. Sobre o álcool anidro incide apenas o PIS/Cofins. "O anidro sai por R$ 1,15 na refinaria e recebe mais R$ 0,07 de impostos. É muito menos que a gasolina", disse.

O governo decidiu reduzir a quantidade de álcool misturado à gasolina para reduzir a demanda por álcool e garantir o abastecimento, ameaçado com o período de entressafra. A medida entrou em vigor ontem (1º). Também ontem, no Paraná, a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Única) anunciou a antecipação da safra de cana-de-açúcar para este mês, para garantir uma oferta adicional de 850 milhões de litros de álcool. O objetivo é, com o aumento da oferta de álcool, colaborar para o reequilíbrio dos preços. A colheita da cana começa a ser feita normalmente em maio.

Estudo sobre os preços do álcool combustível, diferente do anidro porque é hidratado, feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz (Esalq/USP), indicam que o combustível sofreu uma alta de 7,5% na semana de 20 a 24 de fevereiro em relação à semana anterior de 13 a 17 de fevereiro. Já o anidro teve reajuste de 7,1% no mesmo período. O álcool vem passando por reajustes semanais desde o final de dezembro, já como efeito da entressafra da cana-de-açúcar e também da popularização dos carros bicombustíveis que provocou aumento na demanda.