Professora diz que problema de alimentação infantil é cultural e não se resolve por decreto

02/03/2006 - 6h01

Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília - Culturalmente, o período em que as crianças estão nas escolas não é o período aceito como horário de ingerir verduras ou comida, mas um lanche. A opinião é da professora Lívia Barbosa, do Departamento de Antropologia da Universidade Federal Fluminense.

Ela participou, do programa Diálogo Brasil, exibido na noite de ontem (1º) em rede pública de televisão, que debateu a alimentação infantil. "Acho difícil resolver um problema dessa natureza por decreto", afirmou Lívia no estúdio da TVE Brasil, no Rio de Janeiro. Para ela, as escolas públicas deveriam oferecer aulas de educação física mais intensas e estimular a prática de esportes.

No estúdio da TV Cultura, em São Paulo, o médico Ary Lopes Cardoso, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, concordou. "O horário do lanche á para tomar lanche. Dependendo da quantidade, suco de caixinha faz bem". Para ele, apenas a lei não é suficiente para resolver o problema, mas é necessária a conscientização da sociedade.

Indagado sobre a possibilidade de cura para a obesidade, ele afirmou que "obesidade tem controle". Segundo o médico, a cirurgia de redução de estômago não é indicada para menores de 16 anos, mas apenas para "indivíduos com índice de massa corpórea acima de 40, de alto risco para doença cardiovascular, hipertensão ou diabetes e que não consegue resolver com outros métodos a obesidade grave".

O deputado distrital Augusto Carvalho (PPS/DF) defendeu que o objetivo da lei é promover o debate. Ele, que é um dos autores da lei que promove a alimentação saudável nas escolas do Distrito Federal, participou do programa no estúdio da TV Nacional, em Brasília.

"Nós não queremos a proibição, mas melhorar, pela conscientização, as mentes de todas as pessoas para que o nosso jovem não seja um idoso cheio de problemas, com a qualidade de vida comprometida por uma irresponsabilidade da sociedade".

Também no estúdio da TV Nacional, a consultora técnica do Ministério da Saúde Kelva Aquino disse que há um bombardeio de propagandas destinadas a um público indefeso, o infantil.

Segundo ela, a anemia é uma doença que não é determinada pela classe social: "A carência de ferro é causada pela alimentação inadequada. A substituição de alimentos não nutritivos, que não contém ferro, está gerando um índice altíssimo de crianças anêmicas".

Os debates do Diálogo Brasil são mediados pelo jornalista Florestan Fernandes Júnior. O programa é transmitido ao vivo para todo país, sempre às quartas-feiras, das 22h30 às 23h30. Os telespectadores podem participar enviando perguntas e sugestões pelo e-mail dialogobrasil@radiobras.gov.br e pelo telefone (61) 3327-4210.