Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Mais de 80 países já confirmaram o envio de representantes para a 2º Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural. O evento começa na semana que vem, em Porto Alegre.

"Vai ser uma verdadeira conferência internacional, sobretudo com pessoas que têm muito interesse em recuperar o desenvolvimento rural, conscientes de que o desenvolvimento das cidades tem limite", acredita o representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, José Tubino.

A última conferência internacional sobre o reforma agrária ocorreu há 27 anos, em Roma. De acordo com Tubino, a realização do evento este ano em Porto Alegre se deve, sobretudo, à iniciativa do governo brasileiro. Ele explica que o pontapé para o encontro internacional não cabe à FAO, mas aos países-membros da organização.

"Durante todo esse tempo não existiu um país que tomasse o compromisso para organizar e apoiar, de forma bastante comprometida, a organização da conferência", revela o representante da FAO no Brasil. "Depois de 27 anos foi o governo do Brasil que movimentou a organização nesse sentido. Essa proposta foi aprovada por todos os países-membros, por isso a conferência está sendo realizada."

José Tubino afirma que uma das principais questões a serem discutidas na conferência internacional é a relação entre o acesso à terra e a redução da pobreza no campo. Para ele, é preciso debater uma concepção mais moderna de reforma agrária, que não fique restrita à propriedade da terra, mas inclua formas de apoiar o desenvolvimento do campo.

"Somos cientes de que a maioria da pobreza do mundo está no campo e particularmente em camponeses sem terra. Então, é importante não somente analisar o acesso aos recursos naturais, mas também como incorporar essas pessoas em processos de desenvolvimento rural com enfoque territorial", destaca o representante da FAO, que participou de entrevista hoje (2) à Rádio Nacional AM .