Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Cerca de 400 representantes de movimentos sociais que reivindicam acesso à terra devem participar do fórum "Terra, Trabalho e Dignidade", que será realizado entre os dias 6 e 9, em Porto Alegre. O evento ocorrerá paralelamente às atividades oficiais da 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, promovida pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em parceria com o governo brasileiro.
O fórum é organizado pela Via Campesina, organização internacional que reúne entidades camponesas. Ao fim do encontro, os participantes deverão encaminhar à FAO um documento em defesa de um modelo de reforma agrária que possibilite aos pequenos agricultores a permanência na terra.
"Na avaliação da Via Campesina, nós não resolveremos o problema da fome no mundo sem a realização de uma reforma agrária, mas uma reforma agrária autêntica, que não simplesmente distribua terra, mas que dê condições para que o camponês possa permanecer na terra", destacou o coordenador da Via Campesina no Rio Grande do Sul, Paulo Faccione, em entrevista à Rádio Nacional AM.
De acordo com Faccione, a discussões no fórum devem englobar questões como a resistência à política de privatização de terras, o acesso aos recursos naturais e a soberania alimentar. Segundo ele, a idéia não é "desmerecer a conferência oficial", mas promover uma "disputa de idéias no campo da política de reforma agrária".
A Via Campesina também pretende montar um acampamento com cerca de dois mil trabalhadores rurais, que permanecerão em Porto Alegre entre os dias 6 e 10 deste mês, durante o período de realização da conferência da FAO.