UDR diz que Brasil não tem terras improdutivas para justificar reforma agrária

27/02/2006 - 19h49

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Uma política agrária e agrícola que ajude o pequeno produtor a competir no mercado interno, com incentivo financeiro, assistência técnica e novas tecnologias. É o que defende o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antônio Nabhan, para quem as políticas públicas deveriam dar mais atenção aos assentados da reforma agrária, que se tornam pequenos produtores ao receber um pedaço de terra. "Eu prego uma colonização agrária. É preciso fazer algo que surta efeito e não o que ocorre hoje com os assentamentos se transformando em favelas rurais, onde não se produz nada", afirmou.

O presidente da UDR rebate as acusações de que o agronegócio não garante a segurança alimentar e de que a reforma agrária se justifica no Brasil diante do número de propriedades improdutivas existentes no país. "Não tem o que reformar. Havia no Brasil, há muitos anos, um índice grande de propriedades improdutivas. Então, a reforma agrária seria para mudar aquilo que não estava gerando emprego, não estava contribuindo com o PIB, nem com a balança comercial. Quem diz que há áreas improdutivas está equivocado. Não existem essas áreas. O próprio Incra tem dificuldade em desapropriar", disse.

Nabhan garante que a UDR, entidade que nasceu para defender o direito à propriedade e que representa os produtores rurais, não defende só os grandes proprietários. Ele mesmo se diz defensor da "livre iniciativa" e favorável a uma "política diferenciada" para o pequeno produtor para que ele possa adquirir equipamentos e se associar a outros agricultores como forma de se apresentar melhor no mercado. "É um engano achar que a UDR está defendendo o grande. Pelo contrário. Acho que tem que haver uma política social que leve esse pequeno produtor rural a conseguir produzir e a conseguir concorrer. Mas falta técnica e vontade das instituições para que isso se concretize", registrou.

Para ele, é o campo, cada vez mais produtivo no Brasil, que tem contribuído para imprimir credibilidade ao governo Lula. "E justamente por causa da fartura que nunca se teve antes no Brasil, inclusive com comida barata. Hoje compra-se o saco de 5 Kg de arroz a R$ 5. O que está dando sustentação à uma inflação reduzida são os alimentos, que baixaram drasticamente. Isso tudo porque tivemos excesso de produtividade", defendeu.