Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Para o integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Paulo Rodrigues, é importante que o tema da reforma agrária esteja em discussão num fórum internacional para mostrar que, em países como o Brasil, não é possível ignorar os dois modelos de agricultura vigentes - o agronegócio e a agricultura familiar.
"A reforma agrária é um tema cada vez mais atual, principalmente aqui, onde há uma população grande que quer trabalhar no campo. Talvez seja secundário discutir reforma agrária para o Japão ou o Canadá, países que já fizeram a sua. Mas aqui é ela cada vez mais imprescindível", observou. O dirigente sem-teto ressalta que o MST quer um debate sobre a agricultura brasileira sem estereótipos, criados, em sua opinião pelos meios de comunicação de massa, ao longo dos últimos anos, que colocam o agronegócio como gerador de riquezas e a agricultura familiar como o 'atraso', o 'pequeno'.
Baseado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rodrigues afirma que há 4,5 milhões de sem-terra no país e se diz descontente com o número de assentados que o governo promete para até o final de 2006. "O governo diz que vai ter assentado 400 mil famílias até o final deste mandato e nós acreditamos que o mínimo necessário seriam 1 milhão de famílias", estimou.
Para o dirigente, o governo poderia fazer o maior programa de geração de empregos com um bom programa de reforma agrária. "No Brasil, a reforma resolve o problema da concentração de terra e acaba com a quantidade de latifúndios improdutivos. Além disso, gera emprego. Para cada família assentada, são três empregos diretos e dois indiretos", disse.