Alana Gandra
Repórter Agência Brasil
Rio – Guido Mantega, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), não acredita que a instituição vá repetir, em 2006, o lucro recorde de R$ 3,202 bilhões registrado em 2005. "A expectativa é que o lucro seja um pouco menor em função da redução dos spreads", afirmou Mantega, referindo-se às taxas cobradas pelo banco em suas operações.
Mantega não considera que o BNDES precise de um lucro tão alto, como os dos bancos privados. "Nossa finalidade não é dar lucro. Nossa finalidade é apoiar o desenvolvimento, é baratear o custo de financiamento. Só que nós estamos fazendo isso de forma sustentável", indicou.
Projeções realizadas pelo BNDES mostram que o banco vai continuar a dar lucro, mas em escala menor que a de 2005. Guido Mantega advertiu, contudo, que uma valorização especial das ações em carteira na subsidiária Bndespar podem levar a um resultado significativo também neste exercício.
Com os novos spreads que serão cobrados pelo BNDES, a instituição deverá ter um lucro mínimo de 5% do patrimônio líquido, que atinge R$ 15,7 bilhões. "É o lucro que mantém o banco saudável e permite uma ampliação do capital. A importância do lucro é que ele permite capitalizar o banco", explicou Mantega.
O presidente do BNDES afirmou que já há um entendimento com as autoridades econômicas do governo de que, este ano, não serão repassados para o controlador, que é a União, 100% do lucro, como ocorreu no ano passado, em relação ao lucro auferido em 2004, "porque o BNDES precisa de capitalização para ter caixa e para aumentar os limites de financiamento aos grupos econômicos porque existe uma limitação. O banco não pode emprestar ao mesmo grupo econômico mais do que 25% do seu patrimônio de referência, que está hoje em cerca de 24%. Esse aumento de capital ajuda a aumentar o patrimônio de referência", informou.
A recomendação de Mantega ao governo é "que se capitalize o máximo possível". Frisou, porém, que a decisão caberá ao Ministério da Fazenda e à Presidência da República. Do lucro total, 25% têm que ser distribuídos sob a forma de dividendos ao acionista principal, o que totaliza cerca de R$ 761 milhões do resultado registrado em 2005 de R$ 3,202 bilhões.
Em 2005, o BNDES repassou à União 25% do lucro de R$ 1,498 bilhão de 2004, mais R$ 1 bilhão, o que significou um repasse de quase 100%. "Isso alimenta o superávit primário", revelou Mantega. Em 2004, referindo-se a 2003, foram repassados à União apenas os 25% determinados por lei.