Governo vai fortalecer rede de atendimento à mulher vítima de violência, diz ministra

07/02/2006 - 11h50

Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil

Recife - O governo federal vai investir este ano no fortalecimento da rede de atendimento à mulher em cinco estados brasileiros, incluindo Pernambuco. A informação foi dada hoje pela ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Ela participou de audiência pública promovida pela Assembléia Legislativa, no auditório do Banco Central, para discutir com representantes de movimentos sociais iniciativas para conter a violência contra mulheres.

As ações da rede incluem criação de centros de referência para atendimento psicológico e jurídico às vítimas de agressão, aumento do número de delegacias especializadas e de casas de abrigo e serviços de saúde. A ministra lembrou que, desde novembro do ano passado funciona a Central de Atendimento à Mulher, que atende no número 180 com ligações gratuitas. A central recebe denúncias de violência a que as mulheres estão sendo submetidas e orienta sobre os tipos de atendimento que poderão procurar nas áreas jurídicas e de saúde.

Para a ministra, é necessário desenvolver um trabalho educativo nas escolas, no sentido de mudar padrões culturais que alicerçam a violência. "É necessário que as escolas apliquem conteúdos que levem meninos e meninas a não ter imagens estereotipadas a respeito de homens e mulheres. Que não se reforce a divisão social e sexual e sobretudo que não haja discriminação", enfatizou.

Segundo Ana Paula Portela, coordenadora do Projeto Observatório da Violência Contra a Mulher, de 2002 a 2004, 528 mulheres foram mortas em Pernambuco. Ela disse que um levantamento realizado pelo setor de Pesquisas da organização não-governamental SOS Corpo constatou que a criminalidade contra o sexo feminino aumentou 100% em Pernambuco, em comparação aos meses de janeiro de 2002 com janeiro de 2006. A ONG se baseou em dados da imprensa, do Ministério da Saúde, das secretarias estadual de Saúde, e de Defesa Social.

No ano passado, o Movimento Fórum de Mulheres de Pernambuco apresentou ao governo do estado uma série de propostas para conter a violência contra as mulheres. Entre as sugestões, ainda a serem implementadas, estão a urbanização de áreas onde se registram altas taxas de homicídio, oferta de bolsa renda e ampliação do emprego.

Vanete Almeida, do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais atribuiu a prática da violência contra as mulheres, principalmente do interior do estado, à pobreza, ao alcoolismo, à falta de informação e ao autoritarismo do homem, para quem "a mulher deve ser sempre submissa".