Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O empresário Roberto Carlos Kurzweil confirmou hoje (7), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, que alugava três veículos blindados para o diretório nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) durante a campanha eleitoral de 2002. Mas afirmou ter "total desconhecimento" se um desses veículos carregou dólares enviados pelo governo cubano, como afirma uma reportagem da revista Veja, no ano passado.
O empresário afirmou que só soube das denúncias sobre o transporte dos dólares pela imprensa. "Mesmo porque eles ficaram com os meus carros alugados por 15, 20 ou 30 dias. E eu não tinha conhecimento, e nem tenho, de quem aluga os meus carros, quando é que são utilizados", afirmou o empresário.
Kurzweil disse que pode mostrar à CPI o contrato de locação, a nota fiscal e o pagamento efetuado pelo PT na conta da empresa dele. "Eu nunca cedi e nem emprestei automóvel nenhum para ninguém. Eu tenho uma locadora de veículos blindados e a função principal de uma locadora é locar", ressaltou.
O empresário disse ainda que provavelmente foi um dos seus carros que transportou Vladimir Poleto. "Se o motorista Éder, que fez o depoimento aqui, confirmou isso, eu digo que, provavelmente, era um dos meus carros. Porque ele era o único motorista que atendia esses três carros do PT", afirmou. O presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), destacou que o motorista que teria transportado os dólares, Éder Eustaquio Macedo, afirmou à CPI que alguém da locadora o telefonou para que ele "exclusivamente" prestasse o serviço.
Kurzweil disse, no entanto, que não acredita que tenha sido "exclusivamente" para esse assunto. "Nessa época da campanha, ele ficava praticamente direto com os carros alugados pelo PT", afirmou. Efraim destacou, então, que houve uma contradição no depoimento de Éder. O empresário depõe protegido por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Com a liminar, Kurzweil fica desobrigado de responder perguntas que possam incriminá-lo.