Ocupantes de edifício em São Paulo esperam solução para ameaça de despejo

02/02/2006 - 17h11

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Os cerca de 1.800 ocupantes do edifício Prestes Maia, no centro da capital, estão à espera de uma solução para seu problema de moradia. No próximo dia 15, as 438 famílias que residem no prédio de 20 andares poderão ser despejadas por causa da reintegração de posse do imóvel. Até agora, as famílias não sabem para onde irão, se o despejo se concretizar. Elas residem no local desde novembro de 2002 e já passaram por outras cinco ameaças de despejo que não se concretizaram.

Segundo a coordenadora do Movimento Sem-Teto do Centro (MSTC), ligado à Frente de Luta por Moradia (FLM), Jomarina Abreu Pires da Fonseca, na manhã de ontem (1) um grupo de pessoas fez ato em frente à prefeitura para reivindicar uma solução. O grupo foi encaminhado para a Companhia de Habitação (Cohab, ligada à Secretaria Municipal da Habitação) e recebido pelo presidente da empresa, Edson Ortega. Até o final da tarde, a Agência Brasil não recebeu da assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Habitação uma resposta sobre o encaminhamento dado à questão.

De acordo com Jomarina, o movimento entrou em contato com a subprefeitura da Sé em outubro, e esta providenciou o cadastramento de todos os ocupantes do Edifício Prestes Maia no serviço de assistência social da prefeitura. "Se eles quisessem, já teriam nos atendido. Eles não querem mesmo dar solução". Jomarina informou que, na próxima semana, haverá reunião com o secretário do subprefeito da Sé, para tentar uma negociação, mas ela não acredita que possa haver uma solução até a data prevista para o despejo. "Não tem como, é pouco tempo para fazer alguma coisa".

Ela disse que o governo estadual também foi procurado por representantes do movimento e que os moradores esperam um retorno da Companhia Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). A assessoria de imprensa da CDHU informou que o imóvel não pertence ao estado e que a companhia não foi acionada formalmente pelos ocupantes do prédio.

Segundo Jomarina, ao invadir um imóvel, as manifestantes não pretendem morar no local definitivamente e sim chamar a atenção do poder público e cobrar uma solução para seu problema. "Eles teriam que dar uma solução porque esse é um problema social. Não queremos nada de graça. Queremos políticas públicas para essa população. Queremos a elaboração de um programa habitacional para pessoas que recebem de zero a três salários mínimos, que é o perfil dos ocupantes do prédio", afirmou.