Jorge Mattoso declara estar tranqüilo com as investigações da CPI dos Bingos

02/02/2006 - 12h28

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Jorge Mattoso, disse estar absolutamente tranqüilo em relação à continuidade das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos. Relatório parcial da CPI, aprovado na terça-feira (31), aponta irregularidades na renovação do contrato entre a Caixa e a empresa de serviços lotéricos Gtech.

"A instituição Caixa Econômica Federal tem 145 anos, tem prestado serviços indispensáveis à economia e à sociedade brasileira, continuará fazendo isso e, do ponto de vista dos seus empregados e dos administradores dessa gestão, temos absoluta segurança e estamos tranqüilos com relação à continuidade das investigações", disse Mattoso, em entrevista às emissoras de rádio da Radiobrás (rádios Nacional AM de Brasília, Nacional do Rio de Janeiro e Nacional da Amazônia).

O relatório da CPI dos Bingos pede ao Ministério Público o indiciamento de 34 pessoas, entre as quais o de Jorge Mattoso. Entre as irregularidades apontadas estão o direcionamento de licitações; celebração de sucessivos termos aditivos prevendo reajustes de preços fora dos parâmetros legais; omissão da cobrança de multas em decorrência do descumprimento de cláusulas contratuais pela Gtech; inclusão de serviços não-lotéricos na execução do contrato não previstos no edital e sem licitação e indícios de pagamento de propina a pessoas ligadas a agentes públicos para facilitar a renovação do contrato em 2003.

Na avaliação de Jorge Mattoso, a CPI dos Bingos "tem muito mais objetivos político-eleitorais que objetivos de investigação". Segundo ele, o contrato entre a Caixa e a Gtech foi investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). "O TCU já respondeu as questões colocadas pela CPI em todas essas questões colocadas pela CPI, o TCU disse que a Caixa agiu com lisura e com respeito aos recursos públicos."

O presidente da CEF disse que atualmente os esforços estão direcionados à garantia da "internalização plena de todo o sistema lotérico". "Estamos substituindo esse contrato [com a Gtech], a determinação já era do TCU há muitos anos e nós só conseguimos efetivamente iniciar esse processo de substituição, do ponto de vista legal, quando liminares que haviam sido obtidas pela empresa fornecedora foram retiradas. A partir de novembro de 2004, realizamos as licitações, num novo processo, e hoje estamos iniciando operação nos lotéricos, com as novas máquinas, com o novo sistema sendo administrado pela Caixa", informou.

Após a aprovação do relatório parcial da CPI, a CEF divulgou nota em que "manifesta a sua surpresa" pelo fato de o texto ter sido aprovado sem a votação das emendas propostas pelos parlamentares. Uma das emendas a serem votadas pede que os nomes dos ex-presidentes da instituição financeira Sérgio Cutolo e Emílio Carazzai e do atual presidente sejam retirados do relatório. A nota afirma ainda que a Caixa espera a votação das emendas "com confiança no reconhecimento da legitimidade de suas ações e de seus representantes legais".