Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo vai usar um novo programa de computador para limpar os cadastros sociais e da Previdência. O software foi adquirido pelo sistema de pregão eletrônico em dezembro e, segundo o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, começará a gerar os primeiros dados para os ministérios do Desenvolvimento Social e da Previdência em abril.
O programa usa o software livre, cuja licença é aberta e permite que o governo altere o funcionamento. Outra diferença em relação aos programas que hoje gerenciam as bases de dados do governo é que ele tem capacidade de analisar mais elementos que não só o nome do dono de um benefício daPrevidência. O software tem capacidade, por exemplo, de analisar nomes com sons iguais, embora sejam escritos de maneira diferente. "É um software que usa a inteligência artificial, que aprendeu a reconhecer, por exemplo, os fonemas da língua portuguesa, levando em conta inclusive os regionalismos", explica Santanna.
Com isso, um nome que foi registrado com grafia distinta em duas bases de dados pode ser verificado pela pronúncia, se já estiver comprovado que há outras coincidências, nos dois registros, tais como o nome dos pais e a cidade onde o beneficiário nasceu. "É uma abordagem probabilística. Aantes, o método era determinístico. Se o nome, conforme vinha escrito, não estava registrado, não era possível comprovar que aquela pessoa era a mesma que se buscava", disse.
Santanna ressaltou que, além de evitar duplicidades e irregularidades, o novo software vai permitir que pessoas com direito a receber um benefício dos programas sociais do governo seja identificada. Ele citou o exemplo de pessoas inseridas no Bolsa Família e que, certamente, podem se enquadrar no perfil para receber o Benefício de Prestação Continuada.
No valor de um salário mínimo, esse benefício é pago a quem tem mais de 65 anos de idade e aos deficientes que não podem trabalhar. Já no Bolsa Família, o benefício não passa de R$ 95. "A vantagem não é só para o governo, é para a sociedade. Com uma qualificação das bases de dados, os benefícios podem ir para quem mais precisa, porque vamos evitar que as fraudes acabem desviando recursos públicos destinados a mitigar a pobreza e a miséria", destacou.