Deputado diz que somente votações em plenário vão mostrar se há acordos para evitar cassações

02/02/2006 - 10h37

Cristina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio - O deputado federal Orlando Fantazzini (Psol/SP) disse hoje (2) que somente nas votações no plenário da Câmara é que se poderá confirmar a existência de um acordo para livrar parlamentares da cassação proposta pelo Conselho de Ética. Em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional, o parlamentar, que é membro do conselho, afirmou que tem expectativa de que não se confirme a montagem de um acordo, ainda que haja interesses políticos em jogo. "Se pegar do ponto de vista dos fatos e elementos pelos quais o Conselho julgou, obviamente, o plenário deveria acompanhar a decisão do Conselho. Mas a Câmara é uma casa política. Lamentavelmente é um ano eleitoral e há interesses", afirmou.

Para Fantazzini, isso ficou nítido com a substituição do deputado Gustavo Fruet (PSDB/PR) pelo deputado Jutahy Júnior (PSDB/BA) na composição do conselho. "Só para dar um voto a favor da absolvição do deputado Roberto Brant (PFL/MG). Tudo é possível acontecer e se isso se confirmar é lamentável, porque o desgaste é da casa, é do conjunto do parlamento", acrescentou.
O pedido de cassação do deputado mineiro foi aprovado na semana passada, por oito votos a sete, em votação que precisou do voto do presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB/SP) para o desempate.

O deputado do Psol acha que a demora de um processo de cassação entre a avaliação do Conselho e a votação em plenário pode beneficiar alguns parlamentares, mas admitiu que as regras de funcionamento do órgão acabam permitindo o atraso. "O Conselho de Ética, praticamente, faz as suas ações com as mãos um pouco atadas. Não tem o poder de intimar e convocar testemunhas. Nós dependemos da boa vontade de que as testemunhas compareçam na qualidade de convidados. Temos que enfrentar muitas dificuldades para poder chegar à conclusão do processamento. Essa demora não é fruto da própria vontade do conselho, mas da falta de instrumentos que ele tem para cumprir a sua própria tarefa".