Marcos Chagas
Repórter Agência Brasil
Brasília – O sócio da corretora Guaranhuns, José Carlos Batista, depôs hoje (2) pela
segunda vez na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios. A Guaranhuns é suspeita de lavagem de dinheiro e de remessa irregular de divisas para o exterior. Também é apontada como intermediária, junto com a corretora Bônus-Banval, de repasses de dinheiro das empresas de Marcos Valério de Souza para partidos políticos.
Como responde a um processo movido pela Polícia Federal, Batista fez uso da qualidade de indiciado para não responder praticamente a todas as perguntas feitas pelos parlamentares. Na maior parte dos questionamentos, o corretor mudava apenas a forma da resposta: "esta eu não respondo", "vou me reservar ao direito de ficar calado", "vou ficar em silêncio" ou "não vou responder isso, não".
Mesmo diante da ausência de respostas, o sub-relator de fundos de pensão da CPMI, deputado
Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), disse que foi possível chegar a duas constatações. A primeira, que Batista "ganhou muito dinheiro" em operações realizadas com o fundo de pensão Prece, que causaram prejuízos a outro fundo, da Companhia de Água e Esgoto do Rio de Janeiro.
Por outro lado, ACM Neto afirmou ter "ficado claro" que Batista também ganhou dinheiro com operações que geraram prejuízos a outros fundos de pensão. O parlamentar disse não ter dúvida de que José Carlos Batista é um "laranja" da Garanhuns. No depoimento, o corretor disse ser
proprietário de 1% da corretora, mas não quis revelar quem era o seu sócio.
O deputado Jorge Bittat (PT-RJ) disse que o depoimento "pouco acrescentou" às investigações da comissão. Mas concordou com o sub-relator que há "evidências claras" de que as movimentações financeiras de Batista são incompatíveis com sua declaração de renda. Bittar disse ter estranhado o fato de a Receita Federal não ter feito, até hoje, o cruzamento de dados da movimentação financeira do operador com sua declaração de renda. Isso, segundo ele, poderia ser feito com base nos descontos da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) realizados nas transações bancárias de Batista e que estão de posse da Receita.