Aline Beckenstein
Repórter da Agência Brasil
Rio – O Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro lançou hoje (1º) um alerta internacional sobre o que a entidade considera uma situação de "calamidade pública" em relação à dengue no município do Rio de Janeiro.
De acordo com o presidente do sindicato, Jorge Darze, o objetivo é informar a comunidade internacional sobre os riscos de turistas contraírem a doença durante o Carnaval. Dados da Secretaria Municipal de Saúde mostram que este ano foram registrados 432 casos frente a 58 em janeiro de 2005.
Segundo Darze, a situação é ainda mais complicada para os visitantes vindos de países de clima frio. "Como a dengue é tipicamente tropical, raramente um turista de país frio já contraiu essa doença, o que faria que ele tivesse alguns anticorpos", observou. "O perigo ainda aumenta porque a maioria deles também não tem informações sobre os sintomas".
O médico enfatizou o fato de a dengue "ser uma doença que engana", já que, após a melhora dos sintomas mais graves, como febre e dor no corpo, a pessoa pode evoluir para um quadro de dengue hemorrágica. "Se muitas pessoas no Brasil não sabem disso, e até os médicos dão alta para pacientes após uma suposta melhora, que dirá os estrangeiros. Eles acabam ficando ainda mais vulneráveis", alertou.
Outro problema apontado por Darze seria a falta de postos médicos e a "sucatização" dos hospitais públicos da cidade para o atendimento de casos de dengue, situação agravada com a entrada de um grande número de turistas o Carnaval. A rede privada, segundo ele, também não estaria preparada para o atendimento. "Durante a epidemia de 2002, o município do Rio registrou 60 óbitos, a maioria na rede privada de saúde. Muitos médicos particulares não têm experiência no atendimento de doenças epidêmicas", disse.