Shirley Prestes
Enviada especial
Santa Cruz do Sul (RS) – Com 76 anos de idade, o agricultor Pedro Osvino Etges preside o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Cruz, além de plantar, "com a ajuda da família", 17 hectares de fumo. Nesta semana, ele e mais de 200 produtores ouviram a exposição do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, sobre as possibilidades que o governo vai oferecer para diversificar a cultura após a ratificação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco.
Disposto a dialogar com as autoridades sobre as alternativas de planto na região, Etges fala em nome de 16 mil famílias de pequenos produtores e trabalhadores que o sindicato representa - 8 mil associados, com propriedades e oito mil posseiros, meeiros e arrendatários de terras. Pessoalmente, acredita na plantação de verdura como cultura alternativa à produção do fumo. "Mas se todo o mundo aderir, também não teria cabimento".
Como uma das lideranças da região, o sindicalista questiona como dizer para todo o mundo que tem que mudar de cultura. "E tem garantia de preço?", pergunta preocupado. Pedro Osvino Etges aguardou com expectativa o anúncio do programa de apoio à diversificação, do governo federal. Disseu que gostou do que ouviu porque "as autoridades se comprometeram de dialogar sobre com todos os representantes do setor antes de tomar uma decisão".
Na propriedade de 17 hectares dos Etges, quem comanda o trabalho é Lúcio, de 48 anos, um dos seis filhos de seu Pedro Osvino, que recebeu a propriedade e a tradição da cultura, de seu pai e avôs. "Meus antepassados chegaram da Alemanha, por volta de 1800. Desde então cultivaram fumo, antes tratado apenas em galpões – conhecido como fumo de corda", conta.
"Atualmente, os filhos estão saindo da agricultura, procurando emprego na cidade, por causa da faltA de política estável no setor", garante Pedro Etges, ele mesmo com cinco dos filhos trabalhando em outras atividades. Sobre a safra atual, ele diz acreditar que não deverá passar das 700 mil toneladas, por causa das condições do clima. Segundo ele, em anos anteriores a produção chegou a quase 900 mil toneladas. "Houve muita chuva em agosto e em dezembro para o fumo do cedo [plantado antes], mas o fumo do tarde está com muito boa qualidade, melhor do que no ano passado", disse.