Adriana Franzin e Bianca Paiva
Da Agência Brasil
Brasília – O presidente da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), Paulo Lustosa, afirmou que os problemas das comunidades indígenas, denunciados pela Controladoria Geral da União (CGU), ocorreram em período anterior à posse. De acordo com ele, em entrevista concedida na segunda-feira (30) à Rádio Nacional da Amazônia, desde que assumiu a presidência, foram cumpridas as exigências da CGU.
O relatório dos trabalhos de fiscalização realizados pela CGU, no estado do Mato Grosso do Sul, aponta, por exemplo, irregularidades na construção da Casa de Saúde Indígena de Dourados, "despesas não autorizadas para aquisição por meio de Suprimento de Fundos, estrutura física inadequada para o armazenamento de medicamentos, controle de estoques deficiente, falta de medicamentos, atendimento médico deficiente, ocorrência de atraso de pagamentos dos salários".
No caso do Mato Grosso do Sul, pontuou Lustosa, a mortalidade infantil caiu "tremendamente". Segundo ele, o índice chegou a zero na Aldeia Bodoquena, onde já foi de 64 por mil nascidos vivos, em 2002.
A assessoria de imprensa da CGU informou que os trabalhos de campo foram realizados entre maio e setembro de 2005. O relatório conclui que a "entidade (Funasa) enfrenta graves problemas de gerenciamento e de controles internos que impactam negativamente a condução da política pública de sua responsabilidade, no estado do Mato Grosso do Sul".
Lustosa explicou a dificuldade de levar o atendimento às aldeias: "Nós atuamos numa área que compreende cerca de 469 mil indígenas espalhado por 662 terras, distribuídos em 220 etnias que exigem tratamentos diferenciados culturalmente". Para facilitar o trabalho, a Funasa passou a contratar pessoas da própria comunidade. "A maior parte dos nossos agentes de saúde hoje são de origem indígena", salientou.
Lustosa afirmou ainda haver muitos problemas de logística que impedem uma assistência melhor aos índios. Por isso, a instituição vem buscando apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Força Aérea Brasileira, das universidades e de organizações não-governamentais.