Lula defende adequação da justiça trabalhista às transformações da sociedade

01/02/2006 - 19h28

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender hoje (1º) a importância da justiça do trabalho para corrigir os desequilíbrios "intoleráveis" nas relações entre patrão e empregado. Para isso, destacou Lula, em discurso na cerimônia de inauguração da nova sede do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a justiça trabalhista precisa cada vez mais se adequar "às transformações da sociedade e da economia moderna".

Lula também saiu em defesa do regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Na avaliação do presidente, o fim da CLT, como defendem algumas pessoas, seria "a barbárie, e não uma conquista para os trabalhadores".

O presidente destacou que a Justiça, tanto a trabalhista quanto as outras, é um dos principais instrumentos da "incessante" busca de sintonia entre instituições modernas, governos legítimos e uma sociedade plena de direito. "Exatamente, por isso, uma das primeiras iniciativas de nossa gestão foi dar ênfase à reforma do Judiciário".

Depois de comentar a importância das ações da Justiça, aproveitando uma declaração do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Nelson Jobim, sobre as ações de governantes, Lula afirmou que os homens públicos não passarão pela História apenas por aquilo que fizeram ou por aquilo que deixaram de fazer. "Muitas vezes, e a História já provou isso, nós passaremos para a História por aquilo que alguns mal-intencionados falarem que nós fizemos".

Momentos antes do discurso de Lula, Jobim havia dito que os homens públicos serão julgados no futuro, não pelas intenções que tiveram, mas pelo que fizeram, ou deixaram de fazer.

Para exemplificar a sua afirmação, Lula voltou a citar o caso do ex-presidente Juscelino Kubitschek, que, segundo ele, teve suas obras reconhecidas apenas 50 anos depois em que presidiu o país. "Sabe Deus o que esse homem passou durante o seu mandato de presidente para ser reconhecido 50 anos depois".

O presidente LUla, em seu discurso, também comentou a construção da nova sede do TST e lembrou o o prédio foi erguido sem nenhuma denúncia de desvio de recursos públicos. Uma demonstração, segundo ele, de que as pessoas "não podem julgar um pomar por uma laranja apodrecida". O valor total da construção do prédio, do projeto à conclusão, foi de cerca de R$ 202 milhões. Os três blocos que compõem o complexo do Tribunal somam quase 96 mil metros quadrados.