Fórum Social pode apontar caminhos para nova governança mundial, diz um dos organizadores

01/02/2006 - 5h07

Spensy Pimentel
Enviado especial

Caracas (Venezuela) - O Fórum Social Mundial pode indicar caminhos para a formação de novas instituições de governança global, afirma o empresário Oded Grajew, um dos idealizadores do evento. Para a maioria dos organizadores, na verdade o fórum funciona como um processo, porque envolve uma seqüência de debates e ações que acontecem ao longo de todo o ano.

Entre as instituições às quais o fórum pode apresentar alternativas, diz Grajew, estão o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e as Nações Unidas. "As Nações Unidas são hoje dominadas por cinco países. Qualquer coisa que acontece tem que ser aprovada por eles, até a indicação do secretário-geral da ONU é feita por eles", afirma ele, que esteve presente em Caracas para o 6º FSM, encerrado no domingo (29).

Grajew propõe que o fórum apresente alternativas para essas instituições. Ele acredita que esse deveria ser um dos debates prioritários atualmente. O empresário dá exemplos: o FMI poderia ser substituído por um Fundo Social Internacional, e a OMC por uma Organização Mundial do Desenvolvimento Sustentável.

Ele também conta que já está participando de discussões no âmbito do Congresso Nacional sobre a articulação para, no futuro, iniciar-se o debate sobre um Parlamento Mundial. Desde o 1o FSM, realiza-se todo ano, como evento paralelo, o Fórum Parlamentar.

A democracia participativa, diz Grajew, é fundamental como instrumento para o desenvolvimento. "As pessoas prestam pouca atenção, mas, pode observar, alguns dos países de maior sucesso hoje são aqueles onde a sociedade participa ativamente de todas as decisões."

O empresário dá como exemplo das deficiências da participação no Brasil a maneira como são definidos os orçamentos públicos. "Pode observar. No Brasil, geralmente se aprovam os orçamentos entre o Natal e o Ano Novo, de madrugada, tudo sujeito aos lobbies, aos interesses específicos, setoriais", afirma.

A criação de conselhos e outros mecanismos para a implementação da democracia participativa é outra necessidade, diz Grajew. Ele conta que, atualmente, no Brasil, participa de articulação para sistematizar um estudo e um monitoramento sobre como as políticas públicas podem ser mais ou menos efetivas no combate à desigualdade social.