Artigo de Francisco Whitaker mostra como idéia do FSM foi ganhando corpo entre criadores

01/02/2006 - 8h28

Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil

Caracas (Venezuela) - Francisco Whitaker descreveu o momento de criação do fórum em artigo publicado na imprensa alternativa: "Mais exatamente, quem teve essa notável idéia foi nosso amigo Oded Grajew, que a colocou para mim quando nos encontramos na França, em fevereiro deste ano (2000). Resolvemos levá-la juntos ao diretor do Le Monde Diplomatique, que é também o presidente da Attac na França, Bernard Cassen, para vermos se a idéia seria bem aceita fora do Brasil".

Logo, segundo Grajew, juntaram-se à iniciativa representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O contato com o então prefeito de Porto Alegre, Raul Pont (PT), e o governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT), deu condições concretas para a realização do evento, da mesma forma que US$ 200 mil conseguidos junto à Fundação Ford viabilizaram a montagem de um escritório de trabalho em São Paulo.

"Foi preciso haver toda uma mobilização. O ponto principal é que nós deixaríamos os organizadores à vontade, seria um evento que ajudaríamos em tudo, concordando em abdicar de qualquer protagonismo", conta Pont, hoje secretário-geral do PT.

A articulação com os europeus, lembra Grajew, foi fundamental para que se realizasse a convocatória dos movimentos sociais internacionais para o fóum, em uma conferência da ONU para assuntos sociais, a chamada Copenhagen + 5, realizada em junho de 2000.

Nessa época, rememora Whitaker em seu artigo "Fórum Social Mundial: Origens e Objetivos", os movimentos contra as instituições financeiras internacionais vinham se ampliando, depois que a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) tentara lançar a proposta de um Acordo Multilateral de Investimentos.

Protestos violentos durante encontros de instituições como o Fundo Monetário Internacional e a Organização Mundial do Comércio indicavam a necessidade de um espaço para a discussão das alternativas. Porto Alegre foi a solução encontrada. Hoje, o fórum está espalhado por todo o mundo. Segundo o comitê internacional do FSM, entre as edições locais, regionais, nacionais e continentais, centenas de fóruns acontecem ao longo do ano.