Porto Alegre terá curso de graduação em pedagogia com ênfase em educação popular

23/01/2006 - 14h18

Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil

Porto Alegre - O Ministério da Educação, a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e a Associação de Educadores Populares de Porto Alegre (Aeppa) firmaram hoje (23) acordo de cooperação técnica que cria o curso de graduação em pedagogia, com ênfase em educação popular.

"Será a primeira graduação do país voltada para educadores populares e usando a filantropia para financiar bolsas integrais", destacou o secretário executivo do ministério, Jairo Jorge. O curso oferecerá 120 vagas a profissionais filiados em instituições de educação popular de Porto Alegre. Também não haverá vestibular. O ingresso no curso será pela avaliação da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "O aluno que comprovar renda familiar per capita inferior ou igual a um salário mínimo e meio terá direito a bolsa integral", informou Jairo Jorge. .

Ele ressaltou que a experiência piloto será oferecida inicialmente apenas a educadores que trabalhem em Porto Alegre, mas lembrou que "a iniciativa serve de exemplo a outras instituições de ensino superior brasileiras, que manifestaram interesse em desenvolver proposta similar".

Na mesma cerimônia, o secretário informou que o governo federal enviará em fevereiro ao Congresso Nacional o projeto que transforma em universidade a Fundação Faculdade de Ciências Médicas de Porto Alegre. Segundo ele, serão criados mais cinco cursos na área de saúde. Jairo Jorge disse que a nova universidade deverá entrar em funcionamento em 2007, com a contratação de mais de 60 professores e técnicos.

O secretário confirmou que serão criados quatro centros federais de educação tecnológica no Rio Grande do Sul, nos municípios de Canoas e Charqueadas, na região metropolitana de Porto Alegre; Júlio de Castilhos, na região central; e Passo Fundo, no norte do estado. Além do ensino médio profissionalizante, as escolas técnicas oferecerão cursos superior e de pós-graduação, com ênfase nas áreas de metalmecânica, eletroeletrônica, logística e química.

A diretora da Faculdade de Educação da PUC, Maria Helena Menna Barreto Abrahão, disse que o novo curso de graduação vai atender às necessidades de profissionais que atuam em creches populares e na educação de jovens e adultos. "Os acadêmicos aprenderão temas relacionados aos fundamentos, à teoria e à prática da educação, além de aspectos mais específicos da educação popular, nas modalidades infantil e de jovens e adultos", explicou Maria Helena.

O reitor Joaquim Clotet destacou o fato de a PUC demonstrar, mais uma vez, compromisso com a inclusão social e com o desenvolvimento do país. Segundo Clotet, os candidatos devem comprovar atuação em educação popular em Porto Alegre e a conclusão do ensino médio na modalidade normal. "Ao ingressar, os alunos firmam o compromisso de, quando formados, manter o trabalho em educação popular por no mínimo um período igual ao de realização do curso (quatro anos)", disse o reitor.

Segundo a PUC, a proposta foi elaborada por um grupo de trabalho formado por representantes da própria universidade, da Aeppa e dos conselhos municipais de Educação e dos Direitos da Criança e do Adolescente. Também colaborou a vereadora Sofia Cavedon, membro da Comissão de Educação, Cultura e Esportes da Câmara de Vereadores de Porto Alegre.

"Estruturamos o currículo a partir da realidade profissional dos educadores populares. Para nós, é um avanço, significa a qualificação do trabalho e uma perspectiva de melhor remuneração", afirmou a presidente da Aeppa, Tamar Gomes de Oliveira. A educadora popular lembrou que, atualmente, as instituições comunitárias e populares complementam o papel do Estado no atendimento da educação infantil e de jovens e adultos. A Aeppa calcula que, apenas em Porto Alegre, existam cerca de 2,3 mil educadores populares atendendo 15 mil alunos infantis e adultos.