Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O projeto de construção da segunda pista de pouso e decolagem do Aeroporto Internacional de Brasília, inaugurada hoje (22), levou mais de dez anos para sair do papel. Problemas ambientais e disputas judiciais pelos possíveis impactos que a nova pista poderia causar aos moradores de áreas vizinhas atrasaram o início da obra. Para realizar o projeto, a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) teve que investir R$ 30 milhões em ações de compensação ambiental.
Para compensar os danos ambientais, a Infraero financiou o plantio de 15 mil mudas de árvores nativas nas proximidades do aeroporto, a construção de um borboletário no Zoológico de Brasília e o remanejamento de aves e animais que viviam no local.
Segundo o presidente da Infraero, Carlos Wilson, o aeroporto de Brasília será o primeiro do país a ter um sistema de medição de ruído, cuja implantação está prevista para o ano que vem. Além disso, a escolha do local da pista também procurou minimizar o barulho para os moradores vizinhos.
Carlos Wilson disse que o projeto foi amplamente discutido com representantes dos moradores e de entidades não-governamentais (ONGs). "Essa foi a obra mais discutida no que se refere à questão ambiental. Até um borboletário foi feito. Nada disso incomoda, o que incomoda é você não discutir", ressaltou.
Durante a solenidade de inauguração da obra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou que os problemas ambientais são resultado de uma legislação rigorosa. "Acontece que no Brasil, toda vez você quer fazer uma obra hoje, você tem uma legislação muito competente, uma legislação tão sofisticada quanto a de qualquer outro país do mundo e tem muitas instituições que cuidam do meio ambiente", afirmou. "E, quando está tudo certo, aparece alguém que entra com uma liminar e bloqueia essa obra por seis, sete, dez anos".
Segundo Lula, para evitar esse problema, a elaboração dos projetos de infra-estrutura tem sido feita de forma integrada entre as diversas áreas envolvidas. "O que acontecia antes no Brasil era o seguinte: o ministério pensava uma obra, o presidente anunciava, chegavam para licenciar, estava irregular, e passavam três, quatro, cinco anos sem essa obra acontecer, embora estivesse anunciada", explicou.