Pesquisas reduzem à metade a incidência de malária no Amazonas entre 2003 e 2004

22/12/2005 - 7h02

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Em 2004, as comunidades instaladas às margens do Rio Solimões tiveram menos da metade de pessoas infectadas por malária em relação ao ano anterior, principalmente pelo trabalho do Grupo de Malária do projeto Potenciais Impactos e Riscos Ambientais da Indústria do Petróleo e Gás no Amazonas (Piatam). As informações são do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Wanderli Pedro Tadei.

Segundo Tadei, cerca de 70 mil habitantes vivem nas noves comunidades assistidas pelo programa, entre Manaus e a cidade de Coari. Mas apenas em três delas – Santa Luzia da Buiucuzinho, Esperança 2 e Lauro Sodré – existe um grau elevado de contaminação pela picada do Anopheles darlingi – o mosquito transmissor da doença.

Dados do Piatam mostram que em 2003 foram registrados na área 5.877 casos de malária, enquanto em 2004 este número foi reduzido a menos da metade: 2.483 casos. "Esta redução se deu apenas com trabalhos de prevenção e esclarecimento". Entretanto, ele explica que o mosquito da malária "é um mosquito altamente antropófago – ele detecta o homem". Assim, "um meio para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas seria ter casas teladas, as pessoas teriam que dormir com mosquiteiros e os centros comunitários teriam que ser telados, de modo que pudessem receber as pessoas para o bate-papo de final do dia, evitando assim a exposição", afirma Tadei.

O coordenador diz, ainda, que os pesquisadores do Piatam constataram que a incidência de mosquitos está relacionada diretamente com o nível das águas."Na Amazônia só temos uma maré anual - durante oito meses a água passa subindo e durante quatro meses elas passa descendo. Quando elas descem, os criadores naturais se desfazem todos, reduzindo a incidência de mosquitos e dos casos de malária, que é praticamente zero".

Ele alerta que as ações têm que se dar tanto no plano individual como coletivo: "telar casas, usar o mosquiteiro e identificar os sítios reprodutores para combatê-los, principalmente até o mês de agosto: não há transmissão de malária entre setembro e dezembro", afirma.