Falta de saneamento provoca rotavírus

11/12/2005 - 9h09

Aline Beckestein
Repórter da Agência Brasil

Rio - A vacina contra o rotavírus terá um impacto especial sobre as crianças moradoras de periferias e áreas rurais, afirma o secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. "Nessas áreas, o ajuntamento de famílias e a falta de acesso à água e esgoto fazem com que doenças como a gastroenterite por rotavírus sejam de fácil transmissão de uma criança para outra".

Essa é a realidade que Angelita Ferreira, uma das coordenadoras comunitárias da Pastoral da Criança em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, presencia diariamente. Ela é responsável por dar orientações sobre saúde para cerca de 50 mães moradoras da favela Morada Verde, na
periferia da capital sul-mato-grossense. Segundo Angelita, toda semana alguma criança passa mal por causa de fortes diarréias. Boa parte delas, de acordo com o ministério da Saúde, cerca de 30%, é provocada pelo rotavírus.

A empregada doméstica Leir Cardoso, 36 anos, é uma das moradoras dessa favela assistida pela Pastoral da Criança. Ela mora em um barraco sem água encanada e esgoto, com duas filhas e o marido. Há dois meses, sua filha Jennifer, de um ano, contraiu o rotavírus, por causa da água contaminada. "Às vezes eu não tinha água fervida em casa, a menina tinha sede e eu dava a água que vinha de um cano comunitário. Só depois eu passei a ferver e colocar numa garrafa, a partir da orientação da médica, que fez o diagnóstico do rotavírus".

Mesmo reconhecendo que a presença do rotavírus tem efeitos mais danosos em populações de baixa renda, o secretário de Vigilância em Saúde enfatizou que o vírus pode infectar crianças de todas as classes sociais. "O rotavírus é uma doença universal. As crianças pequenas costumam colocar a mão no chão, na água e depois levam à boca. Algumas também ficam em creches ou com empregadas que podem propagar o vírus através do preparo dos alimentos para as
crianças". É por isso, afirma, "que a vacina é indispensável para todas as crianças com até um ano de idade, independente de já terem contraído o rotavírus".