Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva achou justa a reivindicação dos prefeitos de municípios da Baixada Fluminense de construir a refinaria em Itaguaí, e não em Campos, no norte do Rio de Janeiro, como quer o secretário de Governo e Coordenação do estado, Anthony Garotinho.
A afirmação é do presidente da Associação de Prefeitos da Baixada Fluminense, Lindberg Farias, que foi recebido em audiência pelo presidente Lula, ao lado de outros prefeitos da Baixada. Eles vieram hoje ao Planalto mostrar ao presidente a importância desta obra ser implantada na Baixada para atender as necessidades da região, que é uma das mais pobres do estado.
"O presidente recebeu bem a nossa argumentação e pediu que continuássemos a nossa caminhada neste sentido", disse Lindberg. Segundo o deputado Carlos Santana (PT-RJ), que também participou da audiência, Lula pediu aos prefeitos da Baixada que levassem a argumentação técnica para a construção da refinaria em Itaguaí ao presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Segundo o deputado, a audiência está marcada para o próximo dia 6. A Petrobras é quem vai bater o martelo e decidir onde será construída a nova refinaria petroquímica.
"Lula propôs que a gente procure a Petrobras e também busque sensibilizar a governadora Rosinha, mostrando-lhe a importância desta obra para a Baixada Fluminense", disse Carlos Santana. Indagado se haveria espaço para sensiblizar a governadora do Rio neste caso, o deputado respondeu que sim. "Cinqüenta por cento do eleitorado do estado se concentra na Baixada, na zona oeste e na região sul. Por isso, temos argumentos suficientes para convencer o governo do estado da importância de construir a refinaria em Itagaui", disse.
Lindberg Farias destacou os três argumentos mais fortes do grupo para a construção da refinaria na Baixada. "A baixada é uma região muito mais pobre do que Campos; lá existem quase 40% de desempregados que poderiam ser beneficiados com o empreendimento; e, por último, construir a refinaria em Campos representaria um recurso adicional de US$ 542 milhões".
Lindberg explicou que a Associação de Prefeitos da Baixada Fluminense não está contra o governo do estado do Rio de Janeiro. "Somos apenas a favor da construção da refinaria em Itaguaí, por razões técnicas, geográficas e, acima de tudo, por uma questão de justiça social", defendeu.
Há quase 20 anos já existem estudos para a construção do pólo petroquímico em Itaguaí, lembrou o prefeito daquele município, Carlo Busatto Junior. Segundo ele, há, inclusive, licenciamento ambiental e desapropriação de 10 milhões de metros quadrados para instalação da refinaria na Baixada. "Estamos aqui para não deixar que o Brasil perca dinheiro. Queremos aproveitar todo o dinheiro que já foi investido na refinaria. Se eles conseguirem provar para a gente que sai mais barato construir a refinaria em Campos, a gente vai apoiar a construção em Campos", finalizou Busatto.
Sobre a retomada das obras do hospital de Queimados, outra reivindicação dos prefeitos da Baixada, Lindberg informou que o presidente Lula deve ir ao município de Queimados, em dezembro próximo, para anunciar a liberacao de R$ 40 milhões para este fim. A obra da unidade de emergência de Queimados, que está embargada há quase 15 anos, é prioridade para a região, que tem apenas dois hospitais funcionando em condições adequadas, destacou Lindberg.