Brasília, 28/11/2005 (Agência Brasil - ABr) - O ministro Jaques Wagner, da Secretaria de Relações Institucionais, classificou hoje (28) como "página virada" as divergências entre os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e da Fazenda, Antonio Palocci. "Está tudo normal no relacionamento entre os dois. Isso não foi verbalizado durante a reunião de Coordenação Política. Mas, pelo comportamento deles, ficou visível que essa página está virada", avaliou Jaques Wagner, para quem é natural a existência de uma atuação diferenciada por parte dos dois ministros.
"No campo técnico, isso é normal. Até porque um cuida da execução do Orçamento e, o outro, do ajuste das contas. Mas o que importa é a disposição do presidente, de não estar aberto ao debate sobre o superávit. A meta é 4,25% do Produto Interno Bruto – nem para mais, nem para menos", acrescentou.
As divergências entre Palocci e Dilma se tornaram públicas depois que a ministra classificou como "rudimentar" o ajuste fiscal de longo prazo, proposto pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e criticou as taxas de juros básicas do país. Dilma defende o aumento dos gastos públicos. Em audiência pública no Congresso Nacional, Palocci disse que a ministra estava errada em suas críticas à política econômica, mas reconheceu que é preciso olhar os investimentos públicos "com mais carinho".
Em outubro, as contas do governo central, estados, municípios e empresas estatais fecharam com superávit primário (a economia que o país faz para pagar os juros da dívida) de R$ 8,553 bilhões. No acumulado do ano, o superávit chega a R$ 95,055 bilhões, o que equivale a 5,97% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no país, estimada em R$ 1,591 trilhão de janeiro a outubro.