Aline Beckestein
Repórter da Agência Brasil
Rio – Os jovens brasileiros se interessam por política, apesar de se envolverem pouco em partidos ou movimentos sociais. Esta é uma das conclusões da Pesquisa Juventude Brasileira e Democracia, divulgada hoje (28), pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). "É um erro acreditar que a juventude atual é alienada, em contraponto à imagem dos jovens das décadas de 60 e 70", acredita o coordenador do Ibase, Itamar Silva.
Itamar argumentou que, de acordo com a pesquisa, cerca de 65% dos jovens procuram se informar sobre política e 85% concordam que "é preciso abrir canais de diálogo entre cidadãos e governo". Mas com relação à participação em grupos de qualquer natureza, 28% dos jovens se declararam como integrantes de algum grupo, sendo que apenas 4,3% dedicam-se a atividades político-partidárias. Segundo a pesquisa, 64,7% dos jovens não acreditam que os políticos representem o interesse da população.
Segundo Itamar Silva, esta diferença se explica porque a maioria dos jovens tem desejo de participar politicamente, mas "existe um envelhecimento das formas de se fazer política, das instituições que se dizem abertas para os jovens". Ele acredita que a juventude não se reconhece nos partidos políticos, mas vê a política como um caminho de transformação.
Entre as principais preocupações dos jovens brasileiros, a pesquisa apontou a violência, em primeiro lugar, seguida do desemprego. Motivos que segundo Itamar Silva, aliados ao apelo consumista, explicam a predileção dos jovens, totalizando quase 70%, pelos shoppings centers como espaços de lazer, outro dado levantado pelo Ibase. "Os jovens buscam no shopping uma diversão gratuita, dentro de um espaço considerado seguro por eles".
A pesquisa do Ibase ouviu jovens entre 15 e 24 anos, de diversas classes sociais, em sete regiões metropolitanas brasileiras, além do Distrito Federal. O levantamento foi feito entre setembro do ano passado e abril deste ano.