Ministro diz que problema da aftosa depende da solução do caso do Paraná

24/11/2005 - 16h45

Rio, 24/11/2005 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou hoje, no 25º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), que o problema da aftosa e, em conseqüência, o fim dos embargos à exportação de carne do Brasil, depende da solução do caso do Paraná, que "ainda não foi inteiramente equacionado". Rodrigues espera, entretanto, que o problema possa ser resolvido até a próxima semana.

Segundo o ministro, assim que forem resolvidas essas dificuldades, todas as ações comerciais com a área privada serão realizadas para remoção dos embargos. Ele lembrou que a regra internacional diz que, a partir da constatação de um foco de aftosa, o país tem seis meses de prazo máximo para retirar o embargo, o que, no caso brasileiro, significa março de 2006.

Rodrigues admitiu, porém, que "há uma chance boa" de reverter esse processo antes de completar os seis meses. O ministro ressaltou, entretanto, que a eliminação dos embargos pode não ocorrer com todos os países ao mesmo tempo.

Ele disse que o Paraná apresenta uma diferença em relação aos focos de aftosa descobertos em Mato Grosso do Sul. Enquanto, nesse estado, a suspeita foi rapidamente confirmada pelas análises de laboratório, no Paraná, as análises não comprovaram a suspeita.

O ministro explicou que o fato de os exames laboratoriais darem resultado negativo não significa, contudo, que não haja aftosa. "Tem que repetir os exames", esclareceu. No caso do Paraná, como houve uma análise laboratorial por amostragem, o ministério decidiu estender a análise a todos os animais que estiveram submetidos a contato epidemiológico durante uma feira realizada em Londrina. "Isso retrasou o processo", constatou.

As análises definitivas serão feitas na próxima semana. "Esse é um problema muito chato para o Brasil, porque fica sempre a sensação de que você está tentando encobrir alguma coisa, quando não há essa determinação do governo do Paraná, que está trabalhando com muita transparência, dentro das normas estabelecidas pelo governo federal", afirmou o ministro.

Embora sem querer estabelecer datas - "não quero fazer adivinhação" - o ministro disse que os embargos já começam a cair. Ele citou o caso de Israel, que já retirou o embargo de nível nacional, concentrando-se apenas nos estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.

Roberto Rodrigues informou que, em função da febre aftosa, as exportações de carne bovina sofrerão este ano uma redução em relação à estimativa inicial, que era de US$ 3 bilhões. A expectativa é exportar em torno de US$ 2,8 bilhões, disse o ministro.

A suspeita de focos de febre aftosa no Paraná foi anunciada no dia 21 de outubro pela Secretaria estadual de Agricultura e, 10 dias depois, o ministério divulgou instrução normativa definindo uma área com mais 32 municípios como de risco sanitário. Desde então, dessa área não saem animais vivos, carne fresca e leite para outras partes do estado.