Juventude deve participar da elaboração de políticas públicas, indica socióloga

24/11/2005 - 18h10

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Pensar, criar e executar políticas públicas para a juventude em parceria com os jovens, só assim será possível direcionar melhor o foco das ações, segundo a socióloga e pesquisadora da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Mary Castro.

"O enfoque da juventude tem que partir da noção de políticas públicas de, para e com a juventude. As políticas públicas olham o imediato, mas não vêem o jovem como um processo", afirmou a socióloga que participou hoje (24) do seminário A População nas Políticas Públicas: Gênero, Geração e Raça.

Ela explica que há diferenças na aplicação de política públicas. De acordo com o mecanismo desenvolvido pela Unesco, essas políticas levariam em consideração a diversidade dos jovens, a participação dele na sociedade, e ações do setor privado e do Estado – que não pode deixar de se responsabilizar por eles.

"Quando se fala em juventude tem que se falar no plural, na juventude rural, por exemplo, que tem necessidades próprias, na juventude pobre etc", explicou Castro. "É muito comum falar na participação dos jovens, mas isso exige recursos e o conhecimento sobre como fazer políticas e a interação entre jovens e adultos", complementou. "Não bastam políticas que focalizem os jovens, mas que focalizem as instituições como a escola e família", concluiu.

Segundo Mary Castro, a preocupação com a aplicação de políticas públicas voltadas principalmente para a educação se deve ao fato de hoje no Brasil existirem 6 milhões de jovens com idade entre 15 e 24 anos que não estudam e não trabalham. Os jovens, segundo a socióloga, estão preocupados em sobreviver. Ela lembra que essa preocupação se deve principalmente a falta de perspectivas. "É um tempo de insegurança e de como lidar com as incertezas e com a idéia de um eterno presente".