Especialista em lesões por esforços repetitivos explica causas e sintomas da doença

24/11/2005 - 15h23

Aloisio Milani e Danielle Coimbra
Da Agência Brasil

Brasília – A coordenadora do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de São Paulo, Maria Maeno, explica que as principais causas das lesões por esforços repetitivos, mais conhecidas como LER, são a organização no trabalho, o número de metas além da capacidade do trabalhador, fatores ergométricos e fatores de interação no trabalho e com os colegas.

Segundo ela, as empresas repassam um enorme número de metas ao trabalhador, que, ao cumpri-las, não tem tempo para uma recuperação física. Fatores como calor ou frio excessivo, iluminação e postura inadequadas também influenciam as atividades profissionais. A maneira como o trabalhador é valorizado e se a empresa também estimula a competitividade com os demais colegas são pontos determinantes para adquirir as lesões por esforços repetitivos.

"Os sintomas iniciais são pouco percebidos pelo paciente. Ele se sente com fadiga, uma dor localizada, mas ele não sabe exatamente do que se trata e a sensação é que isso vai passar. Com a persistência dos movimentos repetitivos, da correria, do ritmo intenso de trabalho, da sobrecarga de trabalho o trabalhador começa a ter menos tempo para se recuperar. Isso vai se perpetuando, e gradativamente ele começa a ter dores que começam a invadir o cotidiano, nos finais de semanas e férias", afirma.

Maria Maeno explica que os primeiros sinais de que alguma coisa não vai bem é quando a pessoa tem dificuldade de fazer alguma atividade fora do trabalho. "Ele fica tão envolvido com a atividade que tem que fazer, e vai fazendo, a despeito dos alertas que o corpo está dando. O processo vai ficar crônico, até chegar a um estágio grave, de irreversibilidade. Algumas pessoas, quando sentem dor por muitos anos, quando se declara incapacidade para o trabalho é porque realmente não tem condições de retornar para aquele trabalho".

A 3ª Conferência de Saúde do Trabalhador, que acontece em Brasília esta semana, irá discutir também o atendimento médico às pessoas que tenham doenças relacionadas ao trabalho, entre elas a LER. Os desafios para atender melhor o trabalhador nos hospitais, prevenir doenças dentro das empresas, fábricas e fazendas, bem como conceder benefícios da previdência a quem realmente precisa, estão na pauta do encontro.