Em São Paulo, ex-telefonista sofre os sintomas das lesões por esforços repetitivos

24/11/2005 - 15h01

Aloisio Milani e Danielle Coimbra
Da Agência Brasil

Brasília – Hoje, as lesões por esforços repetitivos, mais conhecidas como LER, formam a doença que mais ataca as pessoas que digitam com freqüência. Além dos digitadores, estão também as categorias de bancários, montadores de componentes eletrônicos, montadores de chicotes de automóveis e até abatedores de frango.

É o caso da aposentada Josefina Aparecida Santos, de 49 anos, moradora de São Paulo. Durante sete anos ela trabalhou em uma empresa de publicidade como secretária, recepcionista e telefonista. Com a sobrecarga de trabalho, freqüentemente Josefina sentia dores no ombro, no pescoço e inflamações nos tendões.

"É uma inflamação do tendão. Eu sentia uma dor e não entendia o que era aquela bola. Eu tomava remédios e melhorava, mas foi descendo e começou a dar no cotovelo e onde eu batia sentia um choque. Desceu para o punho, que é chamado túnel do carpo. Era como se fosse uma dor dentro do osso, e eu pensava que tinha digitado muito, mas não tinha noção que era LER", disse.

A trabalhadora foi procurar um médico do Sistema Único de Saúde (SUS) porque, assim como a maioria dos brasileiros, não tinha condição de pagar médico particular e a empresa que eu trabalhava não tinha convenio. "O médico do SUS diagnosticou que eu estava com uma doença relacionada ao trabalho, pelos sintomas", lembra.

O rendimento de Josefina no trabalho caiu, mesmo após começar o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e contar com o apoio do Centro de Referência Estadual em Saúde do Trabalhador (Cerest). Segundo Josefina, em 2003, a empresa reestruturou o setor e ela foi demitida, ainda com os sintomas da doença.

Josefina entrou com o pedido de benefício no Instituto Nacional do Seguro Social, INSS, por acidente de trabalho, tendo em mãos toda a documentação do hospital, do sindicato e da própria empresa. O órgão negou o pedido e ela foi aposentada com o benefício de invalidez. Hoje, Josefina recebe R$ 1.200 por mês da Previdência Social e, quando faz qualquer esforço repetitivo, ainda sente as dores da doença ocupacional.