Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus – O Instituto de Terras do Amazonas (Iteam) forneceu ontem (22) ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) uma carta de manifestação que atesta que o governo estadual não se opõe à criação das reservas extrativistas do Arapixi e do Rio Unini, que beneficiam 460 famílias ribeirinhas.

Os processos de criação das duas unidades de conservação estavam parados há meses porque a terra onde eles se situam é de domínio estadual – e o Iteam ainda não havia se pronunciado sobre o assunto. "O governo do estado, através desse ato do Iteam, demonstra o compromisso que tem assumido com as populações tradicionais", comemorou o coordenador regional do Centro Nacional de Populações Tradicionais (CNPT) do Ibama, Leonardo Pacheco.

Os dois processos agora podem sair do Ibama e serem encaminhados à Casa Civil da Presidência da República, para que o presidente Lula assine o decreto de criação das reservas extrativistas. "Eu espero que até janeiro as duas unidades tenham sido criadas, porque a população local está em conflito com os chamados patrões da borracha e da castanha, no Arapixi, e com os empresários da pesca comercial e esportiva, no Rio Unini", revelou Pacheco.

Segundo ele, os técnicos do Ibama que visitaram a região do Arapixi, no município de Boca do Acre, no sul do estado, foram ameaçados de morte. "Nas três visitas técnicas que realizamos houve ameaças. Nos registramos queixa na delegacia do município", contou. A Reserva Estrativista do Arapixi deve abrigar 300 famílias. Seu processo de criação foi iniciado em 2002, mas a consulta pública ocorreu em novembro do ano passado.

Já a consulta pública para criação da Reserva Extrativista do Rio Unini aconteceu em maio deste ano. A reserva deverá ocupar uma área onde vivem 160 famílias, com 870 mil hectares, localizados ao lado do Parque Nacional do Jaú, em Barcelos.