Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus – Uma delegação composta por 16 representantes de quatro regiões do centro-norte da Itália (Toscana, Umbria, Marche, Emília-Romagna) está hoje (23) na região do Alto Solimões, no Amazonas, na fronteira com o Peru e a Colômbia. A visita técnica faz parte de um acordo de cooperação internacional federativo firmado entre o Brasil e essas quatro regiões italianas há um ano, segundo o assessor da subchefia de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Remir Castioni.
"O objetivo é identificar potencialidades e obstáculos para a formatação de projetos de desenvolvimento local", sintetizou.
Castioni explicou que a parceria é fruto de uma modificação na Constituição italiana, que deu autonomia às regiões de assinarem acordos com outros países. "Esse é o primeiro acordo após essa alteração. No Brasil, o caráter pioneiro se dá porque os municípios se dispuseram a trabalhar cooperativamente, pensando no desenvolvimento integrado de todo o território."
O acordo tem duração de três anos e a previsão é que os projetos sejam apresentados em junho de 2006. Segundo Castioni, não há previsão de quanto será investido neles. "Depende dos projetos apresentados. Aqui já identificamos como potencialidade a madeira e o pescado. Há perspectivas de que a Itália participe da construção de um centro de referência de madeira, com serviços de apoio a micro e pequenas empresas, como capacitação em gerenciamento, análise de materiais e certificação ", contou.
Castioni disse também que a Liga das Cooperativas do Norte da Itália – de acordo com ele é a maior rede de distribuição varejista da Europa – demonstrou interesse pelo pescado e pelas carnes exóticas (como de jancaré) da região. "Para conseguir adentrar o mercado europeu, precisamos antes resolver problemas burocráticos e de logística. Além de ter um selo de denominação de origem controlada, que especifica o que é o produto, como foi colhido, processado, conservado, transportado, de onde veio. Vincula o produto ao território, cria uma marca. No Brasil, isso só acontece com os vinhos do sul", ponderou.
Os três municípios do Alto Solimões abrangidos pelo termo de cooperação (Tabatinga, Atalaia do Norte e Benjamin Constant) têm relação histórica com a cooperação italiana, por meio da atuação de missionários originários da região de Umbria. "Eles são os responsáveis, por exemplo, pela eletrificação de algumas comunidades do povo Ticuna", afirmou Castioni.
Além do Alto Solimões e do entorno de Manaus, outros seis territórios são alvo do acordo: Bagé e Santa Maria, no Rio Grande do Sul; Mantiqueira, em São Paulo e Minas Gerais; Araraquara e São Carlos, em São Paulo; e Terra das Confusões, no Piauí. O Amazonas é o último estado a ser visitado pela delegação italiana, que ficará aqui até o dia 2 de dezembro.