Debate aponta que falta de cadastro nacional dificulta busca de crianças e jovens desaparecidos

23/11/2005 - 14h45

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio – A cada ano cerca de 40 mil crianças e adolescentes desaparecem no Brasil. Segundo dados da Subsecretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), aproximadamente 15% desses casos ficam sem solução.

A falta de um cadastro nacional atualizado, que centralize todos as ocorrências, dificulta ainda mais o processo de busca. Para discutir essa e outras questões, iniciou-se hoje (23), em Brasília, o 1º Encontro da Rede Nacional de Identificação e Localização de Crianças e Adolescentes Desaparecidos (ReDESAP), coordenado pela SEDH.

Até sábado (26), 36 organizações governamentais e não-governamentais e representantes de todos os estados brasileiros debatem estratégias comuns de combate a esse problema.

Segundo Alexandre Reis, coordenador da ReDESAP, o encontro vai potencializar as ações integradas dos órgãos ligados à rede. "Essas organizações já se comunicavam através de meios eletrônicos. A partir desse contato, o Brasil terá uma ação consistente no enfrentamento do problema de crianças e adolescentes desaparecidos", disse Reis.

O coordenador explicou que um dos objetivos do evento é conscientizar os participantes sobre a necessidade de atualizar o cadastro nacional, com dados sobre os jovens desaparecidos. As informações serão disponibilizadas através do site www.desaparecidos.mj.gov.br.

"As pessoas pensam que basta colocar uma foto das crianças na internet. O cadastro precisa ser alimentado pelos estados, com informações precisas e amplas."

Segundo ele, dados como características físicas, data e local da última vez em que a pessoa foi vista, telefone e endereço para contatos são exemplos de informações que podem ajudar nas buscas.

Para o advogado Ariel de Castro, coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos e integrante da Comissão da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), a atuação conjunta e integrada de todos os órgãos policiais pode ajudar a reduzir o número de casos de desaparecimentos sem solução.

"É fundamental um banco de dados unificado, que disponibilize as informações a todos os órgãos envolvidos, como polícias e conselhos tutelares. Isso agilizaria muito o processo de busca", afirmou Castro. Segundo ele, há "desencontro dos dados", o que torna o trabalho segmentado em cada estado.

"O problema é que há uma migração das crianças desaparecidas para outras regiões do país. Sem uma atuação integrada, é mais difícil identificá-las e encontrá-las."