Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Desde 2001, a empresa Visanet antecipava recursos para agências de publicidade, segundo o diretor financeiro da agência Lowe, Paulo Roberto Correia. Ele diz ter recebido seis antecipações da Visanet a partir de setembro de 2001.
Correia presta depoimento à sub-relatoria de Contratos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios. O publicitário disse que, a partir de 2003, as antecipações continuaram a ser feitas. Só que concentradas na empresa de publicidade DNA, do empresário Marcos Valério de Souza.
No início deste mês, um documento prévio do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) apontava a antecipação de recursos como uma forma do Banco do Brasil enviar dinheiro para Marcos Valério. Segundo Fruet, que é sub-relator de Movimentação Financeira, Valério repassaria depois os recursos ao PT. Hoje, a CPI descobriu que esses valores eram antecipados desde o governo anterior.
O Banco do Brasil é um dos sócios da Visanet, com cerca de 33% dos recursos. Por isso, tinha direito a administrar recursos de sua participação no Fundo de Incentivo – verba compartilhada pelos sócios da Visanet na divulgação da empresa.
Entre setembro de 2001 e dezembro de 2002 a Lowe trabalhou para a Visanet nas campanhas de publicidade da Ourocard. Recebeu R$ 29,8 milhões pelos serviços, que foram repassados à Visanet pelo Banco do Brasil.
Perguntado pelo sub-relator, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), se estas antecipações eram um procedimento normal do mercado, o diretor financeiro da Lowe disse que a única empresa que procedeu desta forma foi a Visanet.
"O Banco do Brasil decidia as agências que receberiam os recursos da Visanet para a campanha do Ourocard. A partir de 2003 estes repasses contraram-se na DNA. Agora, sabendo que as antecipações eram feitas desde 2001 complica ainda mais a situação da Visanet e do Banco do Brasil", afirmou o sub-relator de Contratos.
Cardozo classificou como fato grave as antecipações de recursos, independente da realização ou não da efetiva prestação dos serviços, renderem dividendos com aplicações no mercado financeiro. "Isso muda o rumo das investigações", disse Cardozo. Diante destas informações, Cardozo suspendeu a sessão para reunir-se com o relator da CPMI, Osmar Serraglio (PMDB-PR).