Acolhimento familiar começa a ser discutido no país como alternativa para abrigos e orfanatos

23/11/2005 - 5h14

Aline Beckestein
Repórter da Agência Brasil

Rio - Abrigos e orfanatos são os locais para onde costumam ser mandadas crianças e adolescentes que precisam ser afastadas das famílias por causa da violência doméstica ou da prisão dos pais. Muitas dessas crianças passam anos em instituições e só saem após atingirem a maioridade. Uma alternativa para a internação é o Programa de Acolhimento Familiar, tema de um encontro internacional, encerrado ontem (22) em Campinas, no interior de São Paulo.

O programa permite que crianças e adolescentes morem temporariamente com uma família, até que seus pais sejam considerados aptos para recebe-las de volta. No Brasil, porém, poucos municípios têm programas de acolhimento familiar, segundo Angélica Campelo, assessora técnica do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).

Ela acredita, contudo, que esse número tende a aumentar com a portaria publicada pelo ministério em setembro, que autoriza os municípios a gastar recursos liberados pelo governo federal com programas de acolhimento familiar. "Com a portaria, parte do dinheiro que era usado para a internação de crianças em grandes instituições já pode ser destinado para o acolhimento familiar, onde a criança tem um atendimento individualizado".

O município do Rio de Janeiro é um dos poucos no país que tem um programa familiar estruturado, de acordo com a assessora do MDS. Outros estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina também têm famílias acolhedoras bem organizadas.

Na capital fluminense, 63 crianças e adolescentes estão em casas de famílias acolhedoras. A dona de casa Denise Brito, de 42 anos, que desde 1997 abriga crianças e adolescentes, acolhe atualmente duas delas. Segundo ela, o acolhimento é uma alternativa para famílias que querem ajudar, mas não tem condições de adotar uma criança. "Muitas pessoas gostariam de ajudar, mas pensam que não ganham tão bem para colocar uma criança dentro de casa. Com o acolhimento familiar, o principal é carinho e atenção, o que mais essas crianças precisam".