Aline Beckestein
Repórter da Agência Brasil
Rio – Quase metade das mulheres brasileiras portadoras do vírus da aids não faz tratamento para evitar a transmissão da doença para o bebê. A estimativa é do Ministério da Saúde. Segundo dados do órgão, cerca de 13 mil mulheres portadoras do HIV engravidam a cada ano. Desse total, pouco mais de 7 mil se submetem ao tratamento. Porém, o número de gestantes portadoras do HIV que procuram tratamento tem aumentado gradativamente.
De acordo com o Ministério da Saúde, em 1997, quando o país começou a oferecer o tratamento de prevenção, apenas 1.472 mulheres tiveram acesso aos medicamentos – cerca de 11% das infectadas.
Já o número de crianças infectadas por meio da mãe tem caído ano após ano. Em 1997, 1.011 bebês foram infectados, enquanto em 2003 esse número chegou a menos da metade. O ministério ainda não tem dados consolidados do ano passado. A meta é que esse número se aproxime do zero até 2008.
O coordenador da Área de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids do Ministério da Saúde, Pedro Chequer, afirmou que a maioria das mulheres não faz tratamento porque não sabe ter o vírus. Ele avalia ainda que muitos médicos, "desrespeitando o código de ética", não solicitam o exame.
"A nossa experiência mostra que dificilmente uma mulher grávida se recusa a fazer o exame de aids", diz Chequer. "Nessa situação, o instinto materno é mais forte que o medo."
Nas regiões mais pobres do país, o problema se torna ainda mais grave pela falta de laboratórios com capacidade técnica de detectar a presença do vírus no sangue. Nas áreas carentes, explica o coordenador, o material tem que ser colhido e mandado para outra cidade, retardando o diagnóstico.
Segundo Pedro Chequer, o ministério está aumentando a oferta de kits para teste rápido, justamente como forma de beneficiar as gestantes dessas regiões.
O uso de medicamento desde o início da gestação pode reduzir a quase zero a probabilidade de a criança ser contaminada pelo vírus da mãe.