Fernanda Muylaert
Da Agência Brasil
Brasília – Discriminações contra populações indígenas, negros e contra imigrantes. Estes são alguns dos pontos que serão investigados, em viagem pelo Brasil, pelo senegalês Doudou Diène. Ele é relator da Organização das Nações Unidas (ONU) para Formas Contemporâneas de Racismo, Discriminação Racial e Xenofobia.
Após o período de visita ao país, o representante da ONU deverá apresentar, até o dia 7 de novembro, o relatório preliminar sobre o que foi observado durante uma semana. O relatório completo sobre o caso deverá ser divulgado no início de 2006.
O relator percorrerá as cidades de Salvador, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, até o próximo dia 24. Hoje (17), Diène esteve reunido, em Brasília, com representantes da sociedade civil, membros de comunidades indígenas e representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
No encontro, Diène ouviu denúncias contra práticas de discriminação cometidas pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pelo governo brasileiro. Durante o encontro, foram apresentados estudos relativos à violência contra indígenas brasileiros que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente somam uma população de mais de 740 mil pessoas.
No relatório apresentado pelo Cimi, a organização mostra preocupação com as "contundentes formas de violência a que continuam submetidos os povos indígenas do Brasil". Ganharam destaque a alta dos casos de mortalidade infantil, suicídios oriundos do confinamento e a falta de perspectiva de vida destes povos. O Cimi também apontou casos de assassinatos à população, ameaças de morte, violências sexuais e contra o patrimônio indígena.
O estudo deu destaque aos grupos Krahô-Kanela, confinados há dois anos numa casa no município de Gurupi, em Tocantins. E também aos Guarani-Kaiowá, que sofrem com a desnutrição de suas crianças e o não reconhecimento de suas terras.