Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O empresário Marcos Valério de Souza agendava as reuniões da diretoria do Banco Rural com o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. A afirmação é de Kátia Rabello, presidente do banco, em depoimento ao Conselho de Ética. Kátia foi convocada como testemunha da acusação do PTB contra o deputado José Dirceu (PT-SP). O PTB pediu a cassação do deputado, acusando-o de comandar um esquema de compra de votos de parlamentares. Na tese do PTB, o dinheiro viria do Banco Rural e seria compensado por favores do ministro Dirceu.
Kátia confirmou que Valério agendou reuniões com o então ministro. E disse que o motivo dos encontros era a liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco, no qual a diretoria do Rural tinha interesse.
O relator do processo disciplinar no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, Júlio Delgado (PSB-MG), considerou o depoimento de hoje (22) o mais instrutivo até agora. "Até então tínhamos conhecimento de que os encontros de José Dirceu com Marcos Valério eram sociais e eventuais. Ele (Valério) foi responsável pelo agendamento de todos os encontros do Banco Rural e tinha relação profunda com José Augusto", disse. José Augusto Dumont, morto em um acidente em 2004, foi vice-presidente do Banco Rural.
Delgado disse que Kátia Rabello tinha conhecimento de que os empréstimos de Marcos Valério foram usados para pagamento de dívidas e de parlamentares, "como está sendo comprovado nos saques do Banco Rural", afirmou. "Acho que estamos elucidando esses fatos". No depoimento, Kátia disse que "o Delúbio (Soares, ex-tesoureiro do PT) confirmou o repasse para pagar dívidas do partido. Mesmo os empréstimos de Marcos Valério". Kátia Rabello disse que se encontrou duas vezes com o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, mas não falaram sobre empréstimos para o PT.