Rio, 22/9/2005 (Agência Brasil - ABr) - Uma comunidade quilombola situada na Lagoa, zona Sul da cidade, e tenta conseguir a titularidade de seu terreno de 18 mil metros quadrados, foi visitada hoje pela ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. O responsável pela comunidade, Luís Sacopã, informou que o local abriga 30 pessoas de uma mesma família, a Sacopã, e todos seriam descendentes de escravos que habitavam o local há 105 anos.
O terreno já obteve na Fundação Cultural Palmares o reconhecimento por ter sido uma área de quilombo, mas ainda enfrenta batalhas judiciais em busca da titularidade da área porque, segundo Luís Sacopã, fica numa área extremamente valorizada da cidade. "A questão é que vivemos num local onde só moram pessoas de poderio econômico. Um área onde a especulação imobiliária aumentou muito nos últimos anos", disse.
A ministra Matilde Ribeiro informou que o governo trabalha para regularizar a situação de todas as comunidades quilombolas no país. Mas os processos esbarrariam em problemas como pessoas que se dizem proprietárias das terras onde moraram as famílias descendentes de escravos. "Em geral ocorre a sobreposição de posse. Há o proprietário particular que se diz dono daquela terra e há os quilombolas que vivem naquela terra historicamente. A partir daí, há todo um procedimento cartorial a ser feito e isso demora anos", comentou.
De acordo com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, existem cerca de 2.200 comunidades quilombolas em todo os Brasil. Destas, 140 estão como o processo de regularização em andamento e apenas duas já conseguiram o título de posse da terra.