Irmão de Dorothy Stang vem ao Brasil para participar de reunião com Justiça do Pará

22/09/2005 - 17h37

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O irmão da missionária Dorothy Stang, David, está no Brasil e participou hoje (22) de uma reunião com o Ministério Público Federal em Belém, acompanhado do cônsul especial de Washington, Jeffrey T. Hsu, do consultor do caso em Washington Blake Rushforth e do advogado Brent N. Rushforth. A freira norte-americana naturalizada brasileira foi assassinada no dia 12 de fevereiro deste ano em Anapu, no Pará.

"Eles vêm cobrar todas as medidas necessárias inclusive o que foi manifestado naquela carta divulgada recentemente e vão entregar também uma segunda carta ao presidente do Tribunal de Justiça do Pará, desembargador Milton Nobre, que pontua reivindicações na área jurídica de desenvolvimento do processo", afirmou o advogado José Batista Afonso, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que também acompanha a reunião.

A família Stang acompanha a apuração do crime e as ações adotadas pelo governo e pela Justiça em relação ao caso. Em agosto a família enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Logo após a morte de nossa irmã, o senhor prometeu ao mundo enfrentar a impunidade no Pará. Ao mesmo tempo em que nos sentimos reconfortados ao ouvir seu compromisso de castigar os assassinos de nossa irmã e destinar terras aos sem-terra e às áreas de conservação, temos visto muito poucas ações concretas", diz um trecho da carta.

Segundo José Batista, na reunião as entidades pretendem pressionar o Tribunal de Justiça do Pará a julgar favoravelmente o pedido de transferência do processo da comarca de Pacajá (PA) para a capital Belém. Eles também pedem que não haja júri em separado para pistoleiros e mandantes do crime, e que todos os envolvidos sentem juntos no banco dos réus.

Cinco acusados de envolvimento no assassinato de Dorothy Stang estão presos em Belém. São eles os dois pistoleiros, Rayfran das Neves, que disparou os tiros, e Clodoaldo Batista (Eduardo), que acompanhava Rayfran no momento do crime; o intermediário Amair Feijoli da Cunha (Tato) e os dois fazendeiros acusados de serem os mandantes do crime, Vitalmiro Bastos de Moura (Bida) e Regivaldo Pereira Galvão. Os fazendeiros já entraram com pedido de habeas corpus na Justiça paraense e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para responderem o processo em liberdade, mas os dois tribunais negaram os pedidos.

No dia 8 de junho, o STJ negou por unanimidade o pedido do Procurador-Geral da República, Cláudio Fontelles, de transferir para o âmbito federal o processo referente ao assassinato da missionária americana. Dorothy Stang trabalhava há mais de 30 anos junto às pequenas comunidades do Pará pelo direito à terra e à exploração sustentável da Amazônia.