Deputado petista afirma que Afif negociou licença médica com Severino

22/09/2005 - 21h42

Marcos Chagas e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O deputado Fernando Ferro (PT-PE) afirmou hoje (22) que o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilhere Afif Domingos, sugeriu ao ex-presidente Severino Cavalcanti (PP-PE), em conversa ocorrida antes de sua renúncia, que ele entrasse com uma licença médica de 120 dias. De acordo com o deputado petista, Afif, que é filiado ao PFL, pretendia com isso garantir que a Câmara fosse presidida pelo primeiro vice-presidente da Casa, o deputado José Thomaz Nonô (PFL-AL).

A história, segundo Ferro, foi narrada pelo pepista em reunião ocorrida na residência oficial da Câmara, no dia da votação pelo plenário da Casa do processo de cassação de Roberto Jefferson. De acordo com a assessora do ex-presidente da Câmara, Iara Alencar, Severino confirma que foi procurado por Afif Domingos e que o empresário lhe propôs que entrasse de licença médica. O deputado, então, teria descartado a possibilidade porque ela abreviaria o processo de cassação.

Na história narrada por Ferro, Severino teria dito que na ocasião em que foi procurado por Afif Domingos, o empresário lhe ofereceu "vantagens" para que, ao invés de renunciar, entrasse com o pedido de licença médica. A assessora de Severino nega a versão. Segundo Iara Alencar, em nenhum momento Afif Domingos ofereceu qualquer "vantagem" a Severino.

O líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), após conversar com o empresário paulista, questionou a versão narrada de Ferro e Severino. De acordo com Aleluia, Afif confirma que esteve com o ex-presidente da Câmara em uma reunião na qual sugeriu que ele se afastasse da presidência por não ter mais condições de exercer o cargo. Ele estaria, segundo Aleluia, preocupado com a votação da medida provisória 252, que reduz impostos para diversos setores da economia.

"Esta é uma história fantasiosa que tem origem num deputado que renunciou porque não tinha condições de se defender (Severino Cavalcanti)", disse Aleluia. "É uma tentativa de tumultuar o processo por parte de quem saiu dele pela porta do fundo".

Ferro também afirmou que, durante a conversa, Severino revelou ter sido sondado por "setores" que pretendiam atingir não só a ele, mas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esse grupo estaria pressionando-o "para reduzir o mandato do presidente Lula". Severino, segundo Ferro, atribuia essas ações a "um movimento golpista" que agia no Congresso. A assessora do ex-presidente da Câmara, Iara Alencar, diz que Severino confirma essas informações.