Acesso a cargos e salários melhores ainda são desafios para as mulheres, diz diretora de Itaipu

22/09/2005 - 14h26

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Acesso a cargos de direção e a promoções salariais ainda são mais difíceis de se conquistar para mulheres do para homens, diz a diretora financeira da empresa binacional Itaipu, Gleisi Hoffmann. "Esse é o nosso grande desafio". Hoffmann é uma profissional que pode ser considerada minoria no mercado de trabalho brasileiro. Ela é a primeira mulher a exercer um cargo de direção na empresa, que define como "predominantemente masculina, assim como a maioria das empresas do setor elétrico".

Atualmente, estão sob o seu comando aproximadamente 300 funcionários, dos quais cerca de 220 são homens. Ela disse que, assim como no setor que chefia, a maioria dos profissionais da Itaipu são homens: 2,8 mil, de um total de 3,2 mil funcionários.

Gleisi veio a Brasília para participar do lançamento do programa Pró-Eqüidade de Gênero, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Por meio do programa, o governo federal quer contribuir para reduzir a discriminação no acesso, remuneração, ascensão e permanência de mulheres no emprego. As empresas públicas que incentivarem a valorização profissional das funcionárias ou adotarem práticas de gestão que promovam a igualdade entre homens e mulheres vão receber o Selo Pró-Eqüidade de Gênero.

Para ela, a iniciativa é um passo importante para reduzir as desigualdades de gênero no mercado de trabalho. A diretora conta que, depois de assumir o cargo, em 2003, conduziu um processo "que trouxe melhorias significativas para o dia a dia das mulheres que trabalham na empresa". Um exemplo é a implantação do chamado horário móvel. "É você ter meia hora a mais para poder entrar no trabalho e com isso deixar os filhos na escola, cuidar das questões domésticas, que ainda estão sob a responsabilidade feminina", explicou. "Isso faz uma grande diferença para as funcionárias".

De acordo com ela, outra conquista foi a liberação das mulheres para acompanhar os filhos em exames médicos ou participar de comemorações escolares do Dia das Mães. "São questões pequenas, mas que para o cotidiano feminino fazem a diferença", ressaltou a diretora, mãe de um garoto de 4 anos. Ela ressaltou que os benefícios não vieram apenas para as mulheres, mas também para os homens, que passaram a ter o direito, por exemplo, de participar de festinhas do Dia dos Pais na escola dos filhos. "Sempre que a mulher reivindica seus direitos, acabam ganhando todos na sociedade".