Celso Amorim abre debates da Assembléia da ONU e defende reforma das instituições

17/09/2005 - 13h45

Keite Camacho
Enviada especial

Nova York - O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, abriu seu discurso no debate Geral da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), neste sábado (17), falando da necessidade da reforma dos principais espaços de discussão da própria ONU. "Reforma deve ser a nossa palavra de ordem", disse.

Celso Amorim afirmou que a Assembléia Geral precisa ser fortalecida. "Mais do que nunca, precisamos de um foro de representação universal onde as questões cruciais da atualidade internacional possam ser democraticamente debatidas", afirmou.

Ele reforçou a necessidade de reforma do Conselho de Segurança da ONU para que este se torne mais representativo e democrático e defendeu a ampliação dos assentos. "Nenhuma reforma do Conselho de Segurança será significativa se não contemplar uma expansão dos assentos permanentes e não-permanentes, com países em desenvolvimento da África, da América Latina e da Ásia em ambas as categorias", disse.

O ministro destacou que a criação de uma Comissão para Construção da Paz vai ser um elo entre segurança e desenvolvimento e defendeu que o Conselho Econômico e Social, órgão das Nações Unidas, deve contribuir para a promoção da estabilidade e da paz, em parceria com o Conselho de Segurança.

Ele defendeu ainda a ampliação dos espaços de discussão e deliberação sobre direitos humanos. "A elaboração de um relatório global anual sobre direitos humanos, a cargo do Alto Comissariado, que cubra todos os países e situações, contribuirá para aumentar a credibilidade do sistema de proteção dos Direitos Humanos das Nações Unidas", afirmou.

Segundo o ministro, o documento final da Cúpula, que vai servir de base para as discussões do próximo ano da Assembléia Geral, "certamente ficou aquém de nossas ambições". "Mas fornece as diretrizes para levar a termo nossa tarefa", considerou. O documento final foi aprovado nesta sexta-feira.

Amorim foi o primeiro orador do debate geral, algo que ocorre com o Brasil há 60 anos, desde a criação da ONU. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, considerou, em suas palavras iniciais, que foi possível avançar em uma serie de frentes, como no caso do terrorismo e dos direitos humanos. Ele chamou os membros da Assembléia Geral a "responsabilidade coletiva" de cumprir com os rumos aprovados no documento.

Sobre a reforma do Conselho de Segurança, Annan disse que os membros da Assembléia devem continuar trabalhando por ela. Ele disse que não tem sido fácil, mas que líderes mundiais concordam que a reforma do conselho será elemento essencial para a reforma das Nações Unidas. A secretaria de Estado americana, Condoleezza Rice, também afirmou que os Estados Unidos estão abertos à expansão do número de membros do conselho.